Nem só de decepção vive o homem. :)
Boa leitura!
~•~
"'Tô tão cansado."
Foi a última coisa que Natsu disse antes de cair num completo silêncio.
Deixei um beijo na sua testa, não recebendo nenhum único olhar. Me afastei um pouco e peguei sua mão, o guiando até o sofá. Ele sentou e encarou o nada, fazia tudo no automático.
Não precisava ser um gênio para saber que a conversa foi péssima e que os machucados mais graves não eram os externos.
Caminhei até o quarto e vi que Nashi estava entretida na brincadeira. Encostei a porta do cômodo, coisa que raramente fazia. Entrei no banheiro e peguei a caixa com algodão, antisséptico e curativo. Voltei à sala e ele ainda estava na mesma posição em que o deixei.
Sentei onde estava anteriormente e virei seu rosto para mim, ele olhava na minha direção, mas parecia estar em outro lugar. Espirrei o antisséptico no algodão, passei no supercílio direito e ele chiou, não era nada grave, mas meu "lado mãe" me fazia querer cuidar. Aproximei o rosto, assoprei a área lentamente e quando achei que era o suficiente, coloquei o curativo. Passei para os arranhões na mão e cotovelos. Fiz o mesmo processo: remédio, algodão, sopro e curativo. Quando me certifiquei que não havia nenhum machucado sem cuidado, levantei e levei as coisas novamente ao banheiro, descartando os algodões sujos e lavando as mãos.
Voltei ao sofá e mais uma vez não houve nenhum movimento. Virei Natsu de frente para mim e ele seguia na mesma, nem parecia estar ali. Seu olhar estava perdido e desamparado, não aguentava vê-lo assim. Ele era sempre cheio de vida. Me aproximei mais e envolvi meus braços em seu pescoço. Com a mão esquerda, trouxe sua cabeça até meu peito, na altura do coração, e, de repente, soluços foram ouvidos. As lágrimas caíam forte, deixando marcas na minha blusa. Seus braços envolveram minha cintura e ele grudou mais em mim, parecia desesperado. Essa ação me fez tombar no sofá e eu me ajeitei até estar com a cabeça no braço do móvel. Natsu apoiou o rosto no meu ombro. Ele estava deitado meio ao meu lado, meio em cima de mim. Levei a mão esquerda até sua cabeça e carinhosamente fiz carinho no seu cabelo. Enquanto isso, passava a direita por suas costas, numa forma de consolo. Seu choro era alto, intenso, e eu não sabia o que dizer, então optei pelo silêncio. Natsu também não dizia nada, ele não estava em condições, então apenas ficamos em silêncio.
Não sei quanto tempo permanecemos assim, mas senti sua respiração calma contra meu pescoço. Ele simplesmente dormiu. Eu sabia que era o melhor e esperava que ele quisesse conversar depois.
Ouvi passos rápidos e ao olhar para o lado, Nashi estava ali parada, nos encarando. Levei o dedo indicador à frente dos lábios, em um sinal para que não fizesse barulho e ela assentiu. A menina fez um biquinho fofo e se aproximou, colocando a mãozinha no meu braço e deitou a cabeça na minha barriga. Levei uma mão até a cabeça da pequena e fiz carinho. Prensei um pouco mais o corpo no encosto do sofá, Natsu se ajeitou quando me mexi, mas não acordou, e desse jeito apertado, sobrou um espacinho na ponta que logo foi preenchido por ela.
Nashi estava com ciúmes e isso era um fato. Bom, também era compreensível. Me estiquei um pouco e beijei o topo da sua cabeça, ela me retribuiu com um na bochecha
Eu estava muito desconfortável naquela posição. Natsu não tinha o corpo todo sobre o meu, mas o que estava, pesava. Do outro lado, precisava segurá-la forte ou ela cairia.
Nashi também dormiu e por mais que não quisesse acordá-lo, não podia deixá-la daquele jeito e eu nem aguentava mais ficar naquela posição.
— Natsu. – sussurrei. — Natsu. – sacudi meu ombro. Ele se mexeu e eu soube que havia despertado. — Preciso levantar.
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A Mistura Perfeita
Romance[EM REVISÃO] Por causa do conservadorismo, as pessoas da cidade não gostavam de Lucy e sua liberdade, mas ela sempre suportou tudo, mesmo sendo difícil, pois possuía o apoio de quem realmente importava: sua mãe e namorado. Infelizmente, a vida não...