Capítulo 64

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Só queria lembrar, caso alguém tenha esquecido, que Lucy e Natsu têm 30 anos cada.

Boa leitura!

~•~

Apesar de suas palavras, não consegui levantar a cabeça e encará-lo. Além de aliviada, eu estou envergonhada. Ninguém quer contar algo assim para quem se ama.

- Você não tem porquê abaixar a cabeça. - disse e eu, surpresa por suas palavras, espiei. - Não sei se já te disse isso, mas caso não tenha dito: você é a pessoa mais forte que já conheci em toda minha vida. Suporta todas essas merdas que falam sobre você há anos e isso sem deixar de ser a pessoa que é. Cuidou de Nashi sozinha e fez um excelente trabalho. - sorri pequeno, eu gosto quando falam isso. - Também fez o que era necessário. Você não tem que abaixar a cabeça 'pra ninguém. - levantou meu queixo e me fez encará-lo. - Pode ser que não tenha orgulho do que fez, mas foi preciso e não havia outra escolha. Mesmo que houvesse, você fez o melhor por Nashi e disso com certeza você deve se orgulhar.

Eu estava recebendo um olhar tão carinhoso, tão acolhedor, que foi impossível segurar mais. Primeiro minha visão embaçou, depois meus soluços foram ouvidos e, por fim, as lágrimas desceram sem controle. Fico feliz por ter conseguido falar tudo antes, porque agora seria incapaz de qualquer coisa que não seja chorar.

Minhas mãos cobriam os olhos e por isso notei só notei que Natsu levantou quando segurou meu pulso. Sem qualquer dificuldade ou resistência de minha parte, ele me levantou e logo fui acolhida por seus braços. Ah, eu não sabia que precisava daquele abraço, até recebê-lo e eu o abracei tão forte. A cada passo que Natsu dava para trás, eu ia aos tropeços, mas não o soltei. Tinha medo que se o soltasse, ele fosse embora. Quando sentou no colchão e guiou-me para sentar em seu colo, isso foi outra ação que realizei sem qualquer resistência.

Meus soluços eram os únicos sons ouvidos naquele cômodo. Minto, meus soluços e seus sussurros.

- Pode chorar, você aguentou por muito tempo. - dizia enquanto fazia carinho no meu cabelo. - Você não tem nada do que se envergonhar. O que fez de errado? - não respondi. - Hum? - neguei. - Então... Não fique com vergonha de mim. Eu jamais serei aquele a te censurar por causa disso. Que direito eu teria de fazer isso? Que direito qualquer um tem de apontar o dedo 'pra você? A única pessoa aqui que tem o direito de apontar o dedo, é você. Sempre foi você. Eu nunca entendi como depois de tudo que meus pais fizeram, você ainda agia da forma que agiu e isso se aplica a mim também. - afastei-me para falar, mas ele me calou e secou minhas lágrimas. - Finalmente você olhou 'pra mim. Olha, sinceramente, eu 'tô me sentindo péssimo nesse momento. Um lixo como homem e nada do que diga mudará isso, não agora, talvez nem nunca, mas não é por isso que sairei correndo e deixarei de ser o apoio que você claramente precisa. Se foi muito difícil ouvir o que acabou de contar, eu nem imagino o quanto foi 'pra falar e, principalmente, passar por todas essas experiências ruins. - foi o suficiente para o choro voltar de forma intensa.

De todos os cenários que criei para o momento em que contaria tudo, esse nunca passou pela minha cabeça. Apesar de estar chorando por ainda ser muito difícil falar sobre esse assunto, mesmo depois de anos, um pedaço de mim chora por ter feito a escolha errada no momento em que menti.

- M-Me desculpa! - o abracei mais forte.

- Shiii. Não precisamos falar sobre isso agora. Você nem 'tá em condições no momento.

- P-Precisamos sim.

- Não, olha, a gente pode deixar 'pra outro dia. Essa conversa mexeu muito contigo e o que você menos precisa agora, é de mais desgaste.

A Mistura PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora