Capítulo 16

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Boa leitura!

~•~

No meio da tarde, comecei a me sentir muito mal, mas pensei que melhoraria com o tempo. Ledo engano, não só não melhorei, como piorei. Enjôos e a cabeça explodindo, uma baita crise de enxaqueca. Suportei até agora, mas não dava mais.

— Sr. Makarov? – falei baixinho quando ele atendeu.

— O que foi? Tudo bem na minha loja?

— Sim. Eu é que não 'tô bem. Queria saber se posso fechar? Amanhã eu compenso, venho mais cedo ou saio mais tarde.

— Falta apenas 1 hora 'pra fechar. Não dá 'pra você esperar mais um pouco?

— Infelizmente não. Eu 'tô muito mal. – ele bufou.

— Já que não tem jeito… Pode ir.

— Obri– ele desligou na minha cara.

A gente precisa engolir muitos sapos para sobreviver.

— Nashi, pega suas bonecas e vamos.

— JÁ?! – ela gritou.

— Shiii. Fala baixo, a mamãe 'tá com dor de cabeça. – ela cobriu a boca com as mãos, assentiu e levantou.

Peguei as coisas, tranquei tudo e andei em direção ao ponto de ônibus. No meio do caminho, fiquei tonta e precisei encostar em uma parede para não cair. Respirei fundo, tentando me acalmar, mas não teve jeito, vomitei no cantinho.

— Eca! – a menina fez cara de nojo.

— Vamos pegar um táxi.

Não podia pagar por um luxo daqueles, mas não tinha confiança de pegar um ônibus com ela. E se eu desmaiasse?

— O que é 'tachi?

— É um carro que a gente paga e ele nos leva 'pra casa ou a qualquer lugar que quiser.

— Ah...

Andei até o meio-fio e esperei. Um, dois, três carros passaram e nenhum parou para mim. Por que é tão difícil pegar um táxi? Olha que eu vou pagar, não estou pedindo nenhum favor. Fiz sinal para o quarto carro, já sem esperanças, e ele parou. Entramos no carro e o motorista, um idoso, olhou pelo retrovisor.

— Boa noite. 'Pra onde?

— 'Bo noite. 'Pa casa. – falou como se fosse óbvio e ele riu.

— Boa noite. Rua A, número 222, é um prédio azul. – me virei para ela. — E é: "boA" que fala, você sabe muito bem disso.

— BoA? BoA noite, moço. – ele riu mais uma vez.

— Boa noite, moça bonita. – ela corou e escondeu o rosto no meu peito. — Já peço desculpas caso erre o caminho, é que eu não sou daqui. Acabei de deixar uma passageira, te vi ali e pensei que era sorte fazer mais uma corrida. – falou sorrindo. 

É assim que se faz dinheiro e não com pré-conceitos.

— Okay. – tomara que ele não erre, não estou com paciência para indicar caminhos.

Quando passamos pela pracinha, vi Natsu, a mãe e um mulher bonita. Ele estava sorrindo todo amigável e ela ainda tocou sua mão, não sei se ele aceitou o toque, pois o carro passou e eu não pude ver o restante da cena.

"Não me admira ele buscar companhia melhor. A gente não sai dos beijos há meses, ele tem suas necessidades." – esse pensamento quase me fez chorar.

A Mistura PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora