Boa leitura!
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Ele não cobrou respostas, apenas me abraçou. Esse simples gesto fez meu choro aumentar, pois senti tanta saudade desse abraço. Agarrei sua camisa e seus braços me apertaram mais contra seu corpo. Não sei quanto tempo ficamos naquela posição, mas a intensidade do meu choro foi diminuindo e então apenas os soluços eram ouvidos.
Eu sorri ao perceber que estive certa o tempo todo.
— Eu sabia. – falei, me afastando um pouco e tocando seu rosto. — Eu te conhecia bem demais 'pra sequer pensar que você abandonaria uma filha.
Sorri, tentando secar as lágrimas que caíam contra a minha vontade.
— É claro que não abandonaria, nunca faria isso. Você não me contou, eu nem 'tava no país, mas... Por que você não me ligou? Eu tinha o direito de saber, Lucy... 3 anos.
— Não me julgue antes de saber das coisas. – falei nervosa, me afastando mais.
— Não, não. Eu não 'tô em posição de te julgar e também nunca o faria. – ele segurou minha mão e aproximou-se novamente. — Tenho uma filha da qual eu não fazia a menor ideia da existência. Só quero entender o que aconteceu, porque eu 'tô perdido aqui.
Claro que ele não me julgaria, Natsu não era assim, nunca foi. Fico feliz por saber que certas coisas não mudaram. Agora que eu tinha certeza que Natsu não sabia de nada, um peso enorme saiu das minhas costas e eu me sentia aliviada.
— Isso é um direito seu, mas saiba que é uma longa história.
— Tenho todo o tempo do mundo.
Imaginei esse momento algumas vezes, mas não pensei que estaria tão nervosa.
— Algumas semanas depois que você foi embora, eu desmaiei na rua e no hospital descobri que estava grávida de 6 semanas, 2 meses, e o desmaio foi devido a pressão baixa. Enfim, eu não queria acreditar e mesmo nos falando quase todos os dias, resolvi esperar até o 3° mês. Foi difícil, mas achei que era a melhor decisão. No dia em que decidi te contar, fui assaltada no caminho de volta do trabalho. Eu não tinha seu número anotado em outro lugar, não sabia seu endereço lá e por isso não tive como te falar nada. Eu queria contar, mas... – abaixei a cabeça. Decidi parar nessa parte, torcendo para que ele ignorasse certos "detalhes".
O silêncio tomou conta do ambiente e eu estava preparada para qualquer que fosse sua reação. Ele apertou minha mão e com a outra, levantou meu queixo, nossos olhares se encontraram.
— Não conseguia entrar em contato com você, meus pais também não e eu sentia saudade. Então cansei de esperar e vim te ver. – ele sussurrou e eu o olhei surpresa. — Uns 6 meses depois, eu fui até sua casa, mas não tinha ninguém. Achei que você tivesse ido estudar em outro estado, igual me falou que faria e eu fiquei feliz, pensei que a falta de contato era por isso. – alisou minha mão. — E então você desapareceu. Voltei mais algumas vezes, mas nunca te encontrava em casa e nem sua mãe. Achei que você tivesse percebido que merecia mais do que eu. – que besteira ele estava falando? — Quando perguntei 'pra minha mãe o motivo do seu sumiço, ela me disse que você tinha seguido em frente e saído da cidade, junto de Layla.
Não me surpreendia aquela mulher ter dito uma mentira dessas e era claro que eu estava certa esse tempo todo.
— Isso não aconteceu. Quando eu 'tava com 5° meses, mamãe faleceu. – minha visão embaçou, ainda era difícil. — Um motorista bêbado avançou o sinal e…
— Não precisa falar.
— Eu sei, mas você precisa saber. – respirei fundo. — Ele avançou o sinal e a atropelou. No hospital, antes de morrer, ela conseguiu me contar que tinha comprado esse apartamento 'pra mim, 'pra nossa nova vida... – eu estava chorando novamente. –... vida essa que ela não pôde participar. – Natsu me abraçou e eu chorei novamente em seus braços.
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A Mistura Perfeita
Romance[EM REVISÃO] Por causa do conservadorismo, as pessoas da cidade não gostavam de Lucy e sua liberdade, mas ela sempre suportou tudo, mesmo sendo difícil, pois possuía o apoio de quem realmente importava: sua mãe e namorado. Infelizmente, a vida não...