Capítulo 62

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Lembrando que Natsu não sabe o que Lucy esconde.

Tô nervosa!

Boa leitura!

~•~

Parei na frente do apartamento e tentei reunir toda a coragem que eu tinha no corpo. Respirei fundo, não sei quantas vezes, e toquei a campainha. A chave da porta estava no meu chaveiro, mas não achei certo usá-la naquele momento. Dei um passo para o lado e assim impedi que ele me visse pelo olho mágico. A porta abriu e toda a coragem que reuni pareceu fugir quando vi sua expressão. Passaram-se seis dias desde a última vez que nos encontramos, mas parecia que tinham sido meses de tão diferente que ele estava.

- Lucy?! - perguntou normalmente, mas logo sua voz soou mais fria. - O que você faz aqui?

- Eu queri- Não, eu quero conversar.

Até aqui, tudo bem.

- Sabe, eu não quero mais mentiras, então acho melhor você ir. - desviou o olhar.

Natsu tentou fechar a porta, mas o impedi ao segurá-la. Ele abaixou a cabeça e suspirou, antes de voltar o olhar para mim. O interrompi antes que dissesse algo.

- Não, não. - falei. - Eu não vou mentir. Vim aqui disposta a conversar de verdade com você.

- E Nashi, cadê?

- 'Tá com a sua mãe.

- Ah, claro. - sorriu sarcástico.

Um começo promissor.

Ele soltou a porta e entrou, um claro sinal para que eu fizesse o mesmo. A primeira coisa que notei ao chegar na sala, foi que o vaso do cacto não estava na mesinha de centro. Ao olhar mais atentamente, vi os cacos no lixo. Ah, então ele o quebrou.

- Você não foi trabalhar?

- Não 'tá me vendo aqui? Óbvio que não fui. - uau. - Não 'tava me sentindo bem, então 'tô de atestado. - falou ainda de costas. - Mas acho que você não veio aqui 'pra isso.

- Não vim. - eu estava tão nervosa.

- Então, Lucy, diga. - disse ao encostar na parede e cruzar os braços.

Não havia sarcasmo ou ironia no seu tom, isso mostrava que ele estava novamente disposto a me ouvir. Natsu queria escutar o que tinha a dizer e isso me surpreendia. Eu precisava apenas falar, mas, assim como antes, as palavras não saíram. Ele suspirou.

- Naquele dia, minhas emoções estavam à flor da pele, eu 'tava de cabeça quente e acabei falando coisas que não devia. Me desculpe por aquilo. - me surpreendeu mais uma vez. - Mesmo que ainda seja doloroso conversar contigo, você tem o direito de falar o que queria. Acho que podemos chamar de consideração... ou burrice, sei lá.

Natsu demonstrando por mim a consideração que não tive ao mentir para ele. O que estava sendo difícil, tornou-se pior. A realidade é sempre mais difícil do que a cena que criamos mentalmente.

- Eu... A verdade é que... - quanto mais nervosa ficava, mais travava.

Ele continuava esperando, mas era possível notar sua impaciência. Não posso julgá-lo, porque se eu mesma não aguento esse meu silêncio, imagina quem está esperando minhas palavras. Ele soltou outro suspiro.

- Você não ensaiou antes de vir não? - ensaiei, mas no ensaio ele não estava presente. - Quer saber a impressão que eu tenho quando você tenta falar e gagueja ou trava, exatamente como fez agora e naquele dia? - assenti. - Que 'tá tentando me contar uma mentira. Você sabe por que eu tenho essa impressão? - neguei. - Porque eu te conheço há mais de 20 anos e as únicas vezes em que você ficava assim, sem conseguir falar direito, era quando alguém te pegava no pulo. - sorriu pequeno. - Você sempre teve o dom da fala, menos nesses momentos. - disse rindo. - Eu poderia citar diversas situações em que você tentou continuar mentindo depois de ser descoberta, mas acho que não temos todo esse tempo. - fiquei sem jeito. - Você quer uma água 'pra tentar lembrar da história? - perguntou, mas não esperou a resposta e me serviu um copo. - Eu não sou bonzinho, Lucy, apenas 'tô curioso 'pra saber até onde vamos hoje. - "Você é bonzinho", quis dizer, mas me calei. Bebi a água, mesmo sem estar com sede. Eu estava muito nervosa. - Não, na verdade, eu quero muito saber o porquê você mentiu 'pra mim. - seu olhar era um mostrava muitos sentimentos.

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