Capítulo 31

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Boa leitura!

~•~

Eu realmente não sabia o que dizer. Precisava tomar cuidado com as palavras ou poderia despertar nela algum medo de sair de casa. A peguei no colo e sentei no sofá com ela de frente para mim. Nashi ainda chorava, então a abracei e esperei que se acalmasse. Quando o choro tornou-se apenas fungadas e suspiros, levantei seu rosto e encarei os olhinhos vermelhos. 

— Se acalmou? – assentiu. — Quer água? – negou. — Você lembra quem deu essa casa 'pra gente? – assentiu. — Quem foi?

— A-A vov-ó.

— Pois é, a vovó. E você lembra o porquê ela nos deu essa casa? – assentiu. — Por quê? – segurei sua mão e beijei a palma.

— 'Pa gent-e 'se 'feiz. – suspirou profundamente.

— Você é feliz aqui? – assentiu freneticamente. — Eu também sou feliz aqui. 

— Mas… – pus o dedo em seus lábios.

— Meu problema é coisa de adulto. – não tinha mais o que pudesse dizer. — Não é a casa. Como eu não seria feliz aqui? Gosto da nossa casa, do nosso sofá, da cozinha, da nossa cama, do nosso banheiro pequeno… – fiz cosquinhas e ela soltou uma risadinha. — Eu amo cada cantinho desse apartamento, porque é a nossa casa. – lembrei de algo e levantei, com ela ainda no colo. Agachei, com uma certa dificuldade, na porta do quarto e passei a mão nas marcas. — Olha o que temos aqui.

Ela saiu dos meus braços e parou ao lado das marcas. Olhou para elas e sorriu.

— 'Oia como eu 'quesci. Já sou 'gande!

— Verdade. – toquei no primeiro risquinho. — Você me deu tanto trabalho 'pra marcar essa primeira vez. – ri. — Não parava quieta e chorava, parecia que eu 'tava fazendo algo horrível com você. – sentei no chão e ela também. — Nós crescemos aqui.

— A Mamãe também? – perguntou surpresa.

Sorri e assenti.

— Nashi, olha, não tem como não amar essa casa. Posso parecer chateada, irritada e fazer aquela cara estranha, mas não é por causa da casa.

— É 'po quê?

— Alguns adultos fazem coisas muito bobas. – a puxei novamente para meu colo. — Mas são coisas de adultos e não algo que uma linda menininha de 3 anos deva se preocupar. – beijei sua bochecha. — Eu só quero que você saiba que não tem nada de errado com nossa casa.

— Não tem?

— Não! Nossa casa é linda, confortável, quentinha, legal e agradável.

— O que é 'agadável?

— Agradável é: amável, delicado, bom… essas coisas. Nossa casa é agradável porque nos traz bons sentimentos e boas memórias.

— 'Agadável é bom e 'deicado? – assenti. — Então… – ficou em pé na minha frente e segurou meu rosto. — Mamãe é 'agadável.

Ah, o coração acelerou e eu quase chorei. Segurei seu rosto.

— Você também é agradável! – deixei um beijinho em seus lábios. 

Ela sorriu e me abraçou.

— Eu 'tô com fome. – disse no meio do abraço e eu ri.

— Eu também, mas você 'tá me agarrando e assim não posso servir o almoço. – ela riu e me soltou.

Com um pouco de dificuldade, levantei e liguei a televisão no desenho. Fui à cozinha e fiz nossos pratos. Terminamos de almoçar e a ajudei com a higiene. Lembrei que Natsu tinha me ligado e aproveitei que ela estava distraída para retornar a ligação. Liguei o aparelho e pela hora, sabia que ele ainda estava no horário de almoço. Depois de três toques, ele atendeu.

A Mistura PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora