°•Capítulo: 15•°

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Henry
Horas antes.

  Eu definitivamente não me considero uma ótima pessoa, acho que nem uma boa pessoa eu me considero.

Tenho muitos problemas, um deles em específico nesse momento: Não consigo ajudar outras pessoas.

A um tempo atrás, eu achava isso normal, hoje vejo isso como um grande problema. Mas não é minha culpa, o que eu iria falar para uma pessoa chorando? Eu não consigo lidar nem comigo mesmo, como vou lidar com os problemas de outras pessoas?

Se Andrew estivesse aqui agora, ele saberia como ajudar Dulce nesse momento.

Foi fácil trazer Dulce até o hospital, não era algo difícil, era só ligar o carro e vir até aqui. E foi fácil até ela entrar. Mas então eu resolvi ver as mensagens da minha mãe me pedindo para ir no mercado, e então se passaram uns cinco bons minutos e Dulce voltou. E ela não voltou como veio antes. Ela voltou transtornada, chorando se encolhendo no banco enquanto puxava os joelhos até o peito. E a única coisa que eu consegui fazer foi ficar em silêncio olhando assustado para ela.

Eu não era útil nesses momentos, e eu sabia muito bem disso.

Mas então eu me lembrei de Andrew, e me lembrei que se ele estivesse aqui agora, me olharia com raiva e falaria para eu pelo menos perguntar o que aconteceu.

Então eu engoli em seco, o choro de Dulce fazia seu corpo inteiro tremer. Apoiei minha mão em seu ombro e ela nem se moveu para me olhar.

Eu: Ei. — Sussurei na minha voz mais bondosa que encontrei. — O que aconteceu?

Dulce: Meu pai. — Ela levantou a cabeça, o rosto inchado, os olhos vermelhos.

Eu: O que ele fez? — Dulce parecia mais derrotada do que antes agora. Eu me sentia mal por vê-la daquela maneira.

Dulce: Ele disse coisas horríveis porque descobriu que eu e Mateus estamos juntos. Ele me chamou de vadia Henry! — Sua voz saia histérica enquanto ela chorava mais ainda. Meu rosto se contorceu em uma careta. — Eu não sei porque ele fala coisas tão horríveis, eu não sei porque ele me odeia tanto. Isso dói tanto que parece que eu não posso suportar por muito tempo. Eu e Mateus nem somos irmãos de verdade, meu pai e Suzana nem são casados no papel, só moram juntos. Não tem porque ele ficar tão bravo. Não tem porque ele me falar tudo aquilo. Eu não fiz nada errado.

Afastei minha mão dela e me encostei novamente no banco. Fechei meus olhos e suspirei fundo.

O que diabos eu deveria falar, eu não sei. Eu não sei nem como me mexer direito, e se eu me mexer demais e ela pensar que eu estou incomodado com o que ela está falando, ou desinteressado. Ou irritado, sei lá.

As vezes eu queria que as pessoas viessem com manuais de instruções.

Eu: Ele é tão estúpido. — Disse a verdade, Dulce soltou um ruído que mais parecia um rosnando de um cachorrinho chutado.

Dulce: Eu sei! Mas eu travei na hora, eu estava tão atordoada que a única coisa que eu conseguia fazer foi ficar parada lá escutando ele falar. Mas então eu simplesmente surtei.

Eu: Surtou?

Dulce: Eu dei um tapa na cara dele. Um bem forte, fez um barulho tão alto que eu acho que até as enfermeiras escutaram. Então ele me olhou com tanto ódio e eu só sai correndo com pavor e atordoada igual uma idiota.

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