Por acaso

5.3K 617 514
                                    

(S/N)

— Minhyuk! — Um grito estridente me fez abrir os olhos no mesmo instante. — Filho, vocês vão perder a hora do trabalho.

— Puta merda! — Levantei-me às pressas e a dor que senti fazia parecer que a minha cabeça estava sendo espremida. Foi impossível não gemer. — Minhyuk, acorda! — Empurrei o seu corpo adormecido e ouvi um resmungo como resposta. — Você vai se atrasar se não acordar agora.

— (s/n), você acordou?

— Sim, senhora Park — respondi enquanto me dirigia até a porta. Olhei rapidamente para conferir as minhas vestes e paralisei no meio do trajeto quando percebi que usava apenas as minhas peças íntimas. — Ah, meu Deus! — Soltei em um grito. Conferi o meu corpo mais uma vez e em seguida olhei para o de Minhyuk. Ele estava apenas com a sua cueca.

— Está tudo bem aí, querida?

— Sim, está tudo bem — falei ainda de olhos arregalados. As imagens de ontem à noite surgiram de repente e o que eu imaginava se confirmou. — Nós... — me interrompi e corri para o banheiro, trancando-me lá logo após.

Por que permiti que isso acontecesse? A resposta era óbvia, mas eu não estava cem por cento bêbada. Ainda tinha controle sobre as minhas ações, não tinha? Era tudo tão confuso e a minha cabeça doía tanto. Por que eu transei com Minhyuk? O que estava acontecendo com a minha vida? Eu já não era a mesma há uns anos. Nunca faria isso em sã consciência. Transar com o meu ex-namorado, que considero como um simples amigo, bêbada? Quem sou eu hoje? Sou uma irresponsável de merda, só pode ser.

— (s/n), abre aí. Eu preciso fazer xixi — Minhyuk batia na porta com insistência enquanto eu me encarava no espelho com a esperança de me reconhecer. — Vamos, (s/n).

— Minhyuk, nós transamos ontem — falei baixo assim que abri a porta. Park riu fraco e assentiu com a cabeça antes de entrar no mesmo cômodo.

— Eu não lembro do que aconteceu com riqueza de detalhes, mas sei do principal — me olhou rapidamente. — Estávamos bêbados, mas fizemos um bom trabalho.

— Por favor, sem comentários desse tipo — pedi enquanto massageava as têmporas. Além de tudo, eu estava nervosa. — Não deveríamos sequer ter feito.

— Já foi — deu de ombros. — Se arrepender é pior. Encare os fatos e pronto — disse com simplicidade. Minhyuk não era assim, normalmente ele estaria me tranquilizando agora. — Continuamos sendo simples amigos. Eu juro não vou confundir as coisas — sorriu fechado. — Agora será que você pode me dar licença? Eu estou bem apertado.

— C-Claro.

Saí dali com pressa e me vesti do mesmo modo enquanto ele usava o banheiro. Não iria tomar banho aqui. Desci sem Park e cumprimentei os seus pais, avisando que não comeríamos nada antes de sairmos. Usei a desculpa de estarmos atrasados, mas ir embora dali era o que eu mais queria agora. Minhyuk desceu com tranquilidade e falou pouco durante o caminho até a casa que dividíamos. Ele parecia estar tão pensativo quanto eu. Por mais que tentasse negar, Park também reconhecia que havíamos feito uma besteira ontem.

— Podemos fingir que nada aconteceu — ele proferiu sério antes que eu pudesse sair do carro. — Vai ser mais fácil.

— Você faria isso?

— Vai ser o melhor pra nós dois — manteve o tom e eu assenti. — Certo.

Entrei na clínica e logo avistei a minha amiga. Não pensei duas vezes ao segurar Haneul pelo braço e arrastá-la até a minha sala para lhe contar o que havia acontecido na noite anterior. Após passar certo tempo me encarando com espanto, a loira não me poupou dos seus sermões. Ouvir sermão é bem ruim, mas ouvir sermão de Haneul é mil vezes pior. Ela faz você se sentir uma criança idiota com poucas palavras. Mesmo dizendo que estava arrependida, a minha amiga parecia não se importar e continuava falando sem parar. Se com Haneul foi assim, eu já podia imaginar que com a minha mãe seria bem mais difícil.

Em nome da vingança | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora