Mudança de comportamento

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— Você é a aluna nova? — Uma senhora extremamente bem vestida sorriu para mim com gentileza

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— Você é a aluna nova? — Uma senhora extremamente bem vestida sorriu para mim com gentileza. Se eu não estivesse com a farda do colégio, com certeza me sentiria desarrumada mesmo que usasse a minha melhor roupa.

— Sim — reverenciei-a com pressa, pois havia esquecido de fazer isso anteriormente.

A professora coreana, profissional que os meus pais contrataram para me dar umas dicas de como funcionavam as coisas por aqui, havia começado a primeira aula dizendo como eu deveria me comportar na escola e confesso que esqueci de grande parte das coisas. Esse já era o quarto país que eu morava em menos de dois anos e tudo estava embaralhado na minha cabeça. O meu pai é acionista majoritário e presidente de uma empresa responsável por fabricar consoles, televisões e celulares. A sua fábrica era muito importante e bastante requisitada por marcas famosas mundialmente. A nova sede seria na Coreia e nós viemos para cá por causa disso. Por ter apenas dezesseis anos, eu não tinha autonomia para dizer "pai, eu quero permanecer no Brasil. Não aguento mais ser obrigada a me adaptar aos costumes alheios.".

— Como você é do ensino médio, a sua área é pra lá — a mais velha apontou enquanto andava mais rápido à minha frente. Eu não conseguia acompanhá-la e acredito que aquele era um aviso mudo para que nem tentasse. — Eu vou te mostrar o colégio todo e se surgir qualquer dúvida, peço que guarde-a para o fim.

— C-Certo — gaguejei sentindo as minhas pernas um pouco moles. Estava muito nervosa.

Caminhamos pela enorme escola e eu me sentia mais cansada do que se estivesse assistindo as aulas do dia. Após fazer as minhas perguntas sobre o funcionamento do refeitório e as aulas extras, fui levada até a sala de aula. Tive que me apresentar para a classe e quase desmaiei de tanta vergonha que senti naquele momento. As pessoas me olhavam atentamente e algumas comentavam com os parceiros do lado, provavelmente dizendo "a nova aluna é estrangeira e estranha também".

— Ei — alguém chamou enquanto eu guardava os meus materiais com pressa na mochila. O motorista que meu pai contratou para fazer o meu transporte já deve estar chegando e eu não podia me atrasar. — Garota — por não acreditar que era comigo, sequer olhei para trás. — Como é o nome dela mesmo? — Perguntou baixo.

— (s/n) — uma voz também masculina soou no mesmo tom que o seu e isso me fez olhar para os dois rapidamente. — Oi — o rapaz sorriu e acenou. Mesmo achando esquisito, retribuí o gesto. Normalmente as pessoas só falavam comigo no segundo dia. — Ele quer falar com você — o garoto continuou e apontou para o amigo ao lado.

Engoli em seco ao ver o rapaz que queria falar comigo. Ele era mais alto que o outro, tinha parte dos cabelos pretos jogados sobre a testa, não era nem um pouco atlético, o que contrastava com o seu amigo que tinha belos braços, e os seus lábios eram bem avermelhados e tão convidativos que até me fizeram umedecer os meus. O que estou pensando? Tire isso da cabeça agora! O garoto me olhava fixamente e parecia tão absorto em pensamentos quanto eu.

Em nome da vingança | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora