「 𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐝𝐚 」
Namorar um tatuador não era fácil. As horas dedicadas aos desenhos nos tiravam bastante tempo juntos e, além disso, tínhamos que lidar com o preconceito. Era sempre a mesma careta direcionada a mim quando descobriam que eu...
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— Como assim dois milhões de dólares? — Meu pai gritou e acabou por nos assustar na sala. — Eu não acredito nisso. Como aconteceu? — Passou a mão pelo rosto, claramente em busca de controle. — Jogada de mercado? Você acha que eu comecei essa merda ontem, Joseph? — Gritou. — Rastreie cada passo que esse dinheiro deu antes de sair das minhas mãos, entendeu? Espero sua ligação em algumas horas — desligou a chamada e jogou o celular no sofá.
— Mais dinheiro sumiu? — Minha mãe perguntou.
— Estão me roubando — ele disse mais baixo, porém ainda alto. Arregalei os olhos e me levantei para ajudá-lo a sentar. Ele estava aéreo. — É alguém muito bom porque não estamos conseguindo identificar como a transação está sendo feita.
— Já acionou a polícia? — Perguntei.
— Não, ainda não.
— E está esperando o quê, pai?
— Tive uns problemas com sonegação e tenho que resolver antes de fazer qualquer denúncia.
— O quê? — Gritei. — Isso é crime! Você pode ser preso!
— Olha só que novidade! — Bufou. — (s/n), eu sou o empresário aqui. Sei o que faço.
— Se soubesse não estaria nessa roubada.
— Filha...
— Não, mãe — a interrompi. — Ele tem que ouvir — coloquei as mãos na cintura e o meu pai se levantou, saindo da sala rapidamente. — Resolva isso logo. Não quero ter que te visitar na prisão! — Gritei o final, ouvindo o seu longo bufar ecoar pela cozinha. — Ele é maluco? Você é maluca? Por que aceitou isso? — Perguntei para a minha mãe, completamente assustada. O meu tom de voz estava tão alterado quanto o dele.
— Eu não entendo de nada, não posso opinar.
— Mãe! — Falei mais alto. — Você entende que isso é crime, já é o suficiente.
— Ah... — deu de ombros e eu suspirei, prendendo os meus cabelos logo após. Sentia calor quando estava irritada. — Ele vai resolver.
— É sempre assim... Ele vai resolver — caminhei de um lado para o outro, nervosa.
E se o meu pai fosse preso? Meu Deus, como esses dois me jogam uma bomba dessas logo pela manhã? E ainda mais tão de repente assim? Aposto que a ideia de ambos era que eu nem soubesse. Falta de consideração! Em pouquíssimos minutos eu estava com os nervos à flor da pele. Céus! O meu pai precisa dar um jeito o mais rápido possível antes que algum concorrente descubra.
— Não se preocupe — o mais velho retornou e me olhou com seriedade. — Amanhã tudo estará resolvido e eu vou colocar esse cara na prisão.
— Ao invés de você, não é pai? — Cruzei os braços. Ele subiu sem dizer mais nada.
