Em nome da vingança | Jeon Jungkook

Canetinha lilás

— Meu Deus... — Sussurrei em choque.

— Os resultados que chegaram até agora não apontaram nenhuma anormalidade e provavelmente os próximos também não apontarão, já que a tontura é um sintoma característico de uma gestação — continuou falando em seu tom simpático. — A senhora apenas não fez o exame que tinha o teste de gravidez como pré-requisito, então os resultados que virão sanarão as dúvidas por completo.

— Nossa... Não sei nem o que dizer... — Engoli em seco, ainda bastante nervosa. — Não esperava. Mesmo.

— Imagino — ele riu fraco. — Vou buscar um pouco de água.

Eu estava realmente perplexa. Antes, não havia uma suspeita sequer sobre o assunto. Quando falei que não estava grávida, eu tinha total convicção disso e receber uma resposta diferente da esperada me deixou muito desnorteada. Enquanto bebia a água que o médico gentilmente trouxe para mim, mantive os olhos presos no papel em minha mão. Mais uma criança. A nossa terceira. Que loucura! Como seria a partir de agora? Sohyun tinha somente dois anos de idade e nós teríamos que nos dividir entre dar suporte em coisas básicas a ela e ao bebê, que precisaria de um cuidado bem maior. Nossa... Era difícil de acreditar que em poucos meses eu teria um bebezinho nos braços. Até ontem, a ideia de ter mais um filho parecia estar distante, como algo para acontecer daqui a alguns anos.

E estava acontecendo naquele momento.

A nossa família havia aumentado.

— Você tem o dia de folga — anunciei para a minha secretária assim que o táxi parou em frente ao prédio da Softway em Busan. — Obrigada por ter me acompanhado.

— A senhora está bem?

— Claro! — Sorri largo. — Não poderia me sentir melhor! Eu vou ter mais um filho!

— E de novo... Desejo os meus parabéns, senhora (s/n) — o seu sorriso era bem aberto e indicava que ela estava feliz por mim. — Crianças sempre nos trazem muita alegria e são um motivo a mais pra viver.

— Obrigada! — Nós nos abraçamos novamente e eu desembarquei do veículo em seguida. — Vá encontrar os seus amigos — aconselhei. — Você precisa descansar, eles estão corretos — pisquei o olho para a moça. — Tenha um bom dia.

Iniciei uma sequência de passos agitados até o interior tecnológico da Softway e adentrei o espaço sem precisar usar nada para me identificar, já que os meus acessos eram liberados através do reconhecimento facial das câmeras de vigilância. Logo estava no elevador, partindo na direção da sala de testes. Eu possuía algo em mente e iria executar de qualquer maneira. Quero falar com Jeongguk de modo direto, sem precisar entrar em contato com Yoojun antes e causar um alarme maior do que o necessário. O meu marido está tão apreensivo com o estado da minha saúde, que certamente se sentiria muito mal se recebesse do seu funcionário um recado meu dizendo que tinha uma notícia séria para dar.

— Quem é o responsável pela equipe que está testando o Savage aqui em Busan? — Questionei quando a secretária do andar me olhou. Assustada, a mulher levantou da sua cadeira com rapidez e me reverenciou. Fiz o mesmo. — É urgente.

— Vou chamá-lo — foi breve, da forma que eu tanto gostava.

Por sorte, Jeon havia me contado que um grupo de desenvolvedores que trabalham aqui na cidade participaria do teste com o pessoal de Seul. As duas equipes executaram todo o serviço em conjunto durante o processo de produção do jogo e se algo estivesse fora do comum, eles identificariam e realizariam o conserto juntos. O meu marido precisou ir até a capital por dois motivos: porque lá é a sede da Softway e porque teria que dar os últimos direcionamentos sobre o Savage para os funcionários. Na quarta-feira, o lançamento aconteceria em Seul e todos precisavam estar prontos para receber os jornalistas, conceder entrevistas e tudo o que isso envolvia. A secretária retornou, trouxe consigo o desenvolvedor que também exercia o papel de líder e eu não tardei a falar o que queria. Estava ansiosa, desejava compartilhar aquela novidade o mais rápido possível.