DOIS

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Josh.

Sete dias depois...

Joguei o carro na calçada da casa de Sabina sem me importar em gastar os pneus do meu querido Honda Civic Cinza 2016.

A garota imediatamente abriu a cortina da janela de sua casa e estava nitidamente me xingando de todos os nomes possíveis, mas eu não me importei já que nem ao menos posso ouvir o quê ela tem a façanha de emitir sobre mim.

Abri a porta do meu bebê, pegando todas as minhas coisas e o desligando.

Josh! — sua voz estridente soou e eu revirei os olhos, saindo do carro e o trancando consequentemente.

— Quem já chegou? — perguntei me aproximando do batente da entrada.

— Só faltava você. — ela sorriu falsamente, abrindo espaço para que eu entrasse.

Cumprimentei todas as pessoas presentes com um aceno e fui me acomodar no único lugar vazio.

Ao lado de Any.

— Por que essa reunião mesmo? Hina nem acreditava nessas coisas... Muito menos eu. — Shivani questionou se escorando no ombro de Lamar que estava sentado ao seu lado no outro sofá.

— Essa é a nossa celebração de sétimo dia. Ninguém precisa acreditar em nada para participar. — Joalin revirou os olhos do mesmo jeito que Sabina fez quando eu cheguei.

Pergunto-me o porquê delas ainda estarem brigadas se são tão parecidas.

No mínimo elas deveriam saber o quê uma espera da outra, o quê não fazer para não aborrecer uma a outra e o quê fazer quando algo sai dos trilhos entre elas, mas provavelmente eu estou enganado já que tem mais de uma semana que elas estão nessa babaquice.

— Vou buscar os petiscos. — Lamar se levantou puxando Shivani para ir com ele. — Preciso de mais alguém. Quem se habilita?

Any levantou o braço e Lamar sorriu a chamando com a mão.

Enquanto os três andavam até a cozinha como se fossem melhores amigos, Krystian reclamava com Sabina sobre a provedora de filmes dela, mas ela simplesmente o mandava se lascar.

Assim que os três porquinhos voltaram equilibrando baldes de pipoca, litros de refrigerante e copos, Krystian já tinha decidido — junto ao bom gosto de Diarra — qual dos filmes prediletos de Hina assistiríamos.

— Pronto! Podemos começar? — Savannah perguntou animada com um notebook aberto em seu colo. Isso eu não tinha notado ainda.

— Começar o quê? — eu perguntei e recebi uma bofetada na testa de Gabrielly que, apesar de não me direcionar nem o olhar, gosta de desafiar o meu cavalheirismo.

— Com a homenagem? — Heyoon falou como se fosse óbvio, se inclinando para me olhar desde que Any estava no meio e empatando a nossa comunicação. — Fala sério que você veio para cá sem saber o quê faríamos?

— Eu achei que a homenagem seria assistir os filmes adolescentes da Hina. — falei e Lamar não aguentou soltando uma gargalhada alta, mas que logo silenciou, tentando controlar a respiração para não soltá-la de novo.

Esse cara é patético.

— Óbvio que não. — Heyoon bufou. — Só cala a boca e assiste. Pode começar Sav.

Savannah deslizou o dedo em algo do notebook, abrindo um longo vídeo de uma hora e quatorze minutos.

— Longo né? — sussurrei para Any que já pegava um balde de pipoca para que nós três comêssemos.

Cala boca e assiste. — ela imitou a voz de Heyoon e eu bufei pegando um punhado de pipoca, o enfiando de uma vez só na boca, engolindo como se estivesse colocando para dentro milhares de pedras pequenas.

Qual é a das pedras pequenas? Engoli-las deve causar uma dor quase tão forte quanto a que engolir o meu orgulho junto com as pipocas está causando.

Resolvi então prestar atenção no vídeo que alguém nessa sala produziu.

Primeiro porque eu preciso me concentrar em algo para esquecer que a criatura irritante ao meu lado existe.

Segundo porque todos da sala já estavam à beira de um longo choro e apenas eu era o único insensível a ter os olhos secos.

Acontece que eu não vim aqui querendo chorar.

Difícil de entender?

A homenagem é uma coletânea de vídeos de todos nós juntos, separados, em duplas, trios, quartetos e também de nós sozinhos.

Como por exemplo o vídeo da vez em que participamos da celebração de boas-vindas para calouros da faculdade de musicologia.

Era basicamente um enorme palco no ginásio onde todos os alunos da universidade podiam escolher uma música e canta-la ao vivo.

Any, Diarra e Lamar escolheram não nos humilhar, mas talvez tivesse sido melhor se eles tivessem conosco.

Joalin tentava alcançar notas agudas, eu tentava ser um tenor em uma música completamente distinta da ópera e Hina tinha crises de risos toda vez que inspirava para cantar.

Em grande resumo esse vídeo é uma catástrofe.

Também tem os vídeos do mesmo projeto para calouros só que da faculdade de educação física.

A minha faculdade.

Em um dos dias do projeto Hina levou uma bolada tão forte no rosto que eu acredito que o mundo tenha dado dezesseis mil giradas para ela.

Quem deu a bolada? Sabina.

Outros momentos isolados também apareceram e os vídeos da última festa que fizemos foram as últimas imagens a serem exibidas na homenagem.

Festa essa que foi exatamente onde nos situamos agora.

Nessa casa.

Na véspera do dia que Hina acabou com tudo.

Assim que o vídeo acabou a sala mergulhou em um profundo silêncio, mas Lamar logo puxou uma salva de palmas, nos forçando a sorrir e acompanha-lo nos aplausos.

Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.

— Qual filme vocês escolheram? — cocei a nuca, me alongando no próprio sofá.

Krystian puxou ar para me responder, mas a maioria dos nossos celulares apitaram indicando uma nova notificação.

Peguei o meu aparelho, arregalando os olhos ao ler o tweet que brilhava na minha tela bloqueada.

É aqui a minha festa de sétimo dia? Hahaha i killed it.

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