TRINTA E SEIS

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Noah.

Três dias depois...

— Como se sente?

Bailey me questionou quase que retoricamente. Tive vontade rir, mas não o fiz. Mesmo que o ambiente fosse mais ou menos propício.

Estamos no meu escritório. O departamento é a minha principal casa digamos assim, tenho até um confortável quarto por aqui. Sinto-me até seguro.

— Já estive melhor. — argumentei enquanto empurrava a cadeira com o pé para me voltar para Bailey, o olhando sem altos interesses.

Desde que virei chefe de polícia, fazer isso em uma cadeira giratória de couro se tornou o meu fetiche. Parece cinematográfico e eu gosto da ilusória sensação.

— O julgamento é amanhã, deveria estar feliz. É o seu trabalho. — Bailey contou olhando alguns papéis que acabara de imprimir. Era para algum outro caso que eu não me importava muito, ele até me contou os detalhes, como sempre faz, mas não é da minha ossada.

— O meu real trabalho está paralisado em Washington. — fiz um joia para ele demonstrando que preferia que tudo isso não tivesse necessitado da minha presença. — Inclusive recebi uma mensagem de desmoralização do merdinha do chefe da polícia de Nova Iorque. Ele diz que se algum ataque terrorista acontecer durante esse tempo, a culpa é da minha ausência. — estiquei o braço na direção da cafeteira e Bailey olhou, revirando os olhos. — Eu gosto de como ele infla meu ego sem nem ao menos perceber. Restaram nove chefes de polícia para resolver o problema, mas com a minha ausência, eles se julgam incapazes. Ouvir isso é ótimo para a autoestima.

Bailey fez todos os chatos procedimentos de colocar a cápsula na máquina e apertar os botões corretos, colocando o meu cappuccino para ser feito.

— Caralho eram dez chefes de polícia reunidos? — ele abriu a boca em choque. Apesar de eu ter lhe levado para Washington, ele não participava das reuniões assim como os outros escrivões, logo, não sabiam quantas pessoas estavam envolvidas e nem o que era discutido nas reuniões. Só sabiam o que tinham que escrever. O que era decidido. — Que diferença um à menos faz? Eles não são capacitados o suficiente?

— É exatamente esse o questionamento que eles também fazem: Ele não é capacitado o suficiente? — ri sem humor, imaginando bem a cena dos nove reunidos e dividindo farpas sobre a minha pessoa. Eles deveriam tomar mais cuidado, pois o mesmo pode acontecer com qualquer um deles. Os chefes de polícia não poupam a boca para ninguém. O problema não é apenas comigo. — Eu consegui provar o assassinato da Hina. Melhorei a minha reputação no meu departamento e retomei a confiança na polícia do meu estado. Os outros departamentos não pensam o mesmo. Principalmente os maiores cargos.

— Por que não? Não é a mesma coisa? A mesma conquista? Não faz sentido significar coisas diferentes aqui e lá. — ele me estendeu o copo de isopor e eu o peguei de bom agrado.

Não é a sua obrigação, mas Bailey sabe ser prestativo quando quer.

— Não quando eu prendi dois jovens por hipóteses e linguagem corporal e ainda mantenho o caso do Lamar em aberto. Desaparecido? Sim. Assassinado? Ninguém conseguiu provar. — o contei, bebericando o líquido escaldante. — O caso não será realmente julgado amanhã, ele será citado e levado em consideração. Talvez consigamos mais informações dessa forma, uma confissão e até mesmo por um fim nele, mas por hora, é mais uma incógnita. Ele sumiu. — gesticulei uma explosão com a mão, indicando que Lamar sumira como num passe de mágica.

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