INTERROGATÓRIO 3.8

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Savannah.

Cumprimentei Josh com um abraço murcho assim que passamos um pelo outro. Ele parecia diferente e com a mente muito distante daqui, isso me fez olha-lo com ternura. Sei que não é o sentimento mais recomendado, mas nesses momentos eu acabo tendo pena de sua mente frágil.

Adoraria poder arrancar todos esses sentimentos ruins dele, mas se torna ainda mais complicado quando ele é ele. Não aceita se abrir nem com os mais próximos de si, não aceita ajuda.

— Boa tarde Savannah Clarke. Eu me chamo Noah Urrea, sou o chefe da polícia de Los Angeles e irei conduzir o seu interrogatório. — o civil se apresentou enquanto eu fechava a porta que havia acabado de adentrar, caminhando sem pressa até a cadeira disponível. — Onde você estava e com quem você estava no dia da morte de Hina Yoshihara?

— Eu estava na minha casa. — contei. — Minha mãe não gosta que eu faça saídas noturnas. — resolvi explicar antes que ele me questionasse, saindo como um sussurro. Lembro-me de passar a madrugada chorando após a pior discussão que tive com a minha mãe.

Eu realmente queria ter ido para a festa e como se não bastasse, todos eles passaram a semana falando sobre o evento, demonstrado as suas empolgações para o dia e eu sabia desde o princípio que não poderia ir.

Eu estava a um ponto de explodir e aquele dia foi o estopim. Nós realmente brigamos feio e como sempre não adiantou de nada. Ela é irredutível.

— Então sua mãe é uma testemunha? — ele questionou descendo uma de suas mãos.

— E qualquer outra pessoa que me conheça. — dei de ombros demonstrando frustração. — Já passei muito vexame público por conta dela. Não é difícil descobrir que eu realmente vivo em cárcere privado legalizado. — tentei esquentar meu braço no atrito de minha mão dele por sentir que o ar-condicionado daquela sala não estava tendo muita piedade de mim. Ou eu que sou muito friorenta, estando mais pendido a ser essa opção.

— Onde você estava e com quem você estava no dia da morte de Lamar Morris?

— Em casa novamente. — ri enquanto pensava sobre o quanto a minha vida é cômica. Não que eu não tenha ciência disso, mas quando é colocada a prova dessa maneira a única coisa que eu posso sentir invadir o meu corpo é ódio. — Saída noturna e Savannah na mesma frase não existe. — fui irônica, batendo meu pé com força no chão numa tentativa de centralizar todas as minhas emoções ali, pois Noah não tem culpa das minhas mágoas. Dos meus ressentimentos. Das minhas interrogações não respondidas.

— Certo... E então. Qual era a sua relação com as vítimas?

— Eu era muito próxima do Lamar porque ele era melhor amigo de todos os meus melhores amigos então era impossível não ser próxima dele. — ri um pouco confusa com o que eu mesma estava falando. Era exatamente isso, mas a frase parecia mal formulada. — Além de que ele é um doce, não é esforço algum ser amiga dele, mas Hina... — pensei um pouco sobre a nossa relação. — Éramos realmente distantes. Não éramos amigas, conversamos poucas vezes e foi sobre coisas banais. Nós éramos o tipo de colegas que fazem parte do mesmo círculo de amigos, mas que isoladamente não se falariam.

— Com quem do grupo de vocês, na sua percepção, a Hina se dava melhor?

— Eu sempre a via com Shivani e Joalin. — contei com convicção. Elas pareciam chiclete embolado. — Mas ela realmente era apegada ao Any e o Josh, eles viviam colados e tinham uma relação bem melosa. — expliquei com gestos circulares tentando explicar algo que nem eu entendia bem. É complicado falar da vivência dos outros.

— Está liberada Clarke. — ele tombou a cabeça na minha direção e eu fiz o mesmo, rolando os olhos até o civil no fundo da sala que não me direcionou nenhum olhar, logo, sai da sala me sentindo um pouco grosseira por não cumprimenta-lo.

Foi menos tenso do que eu ouvi dizer.

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