OITO

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Josh.

— Eu não acredito que estou aqui com você. — Krystian gesticulou de um jeito nojento sobre o lugar onde estamos.

— Não é um lugar que pessoas da sua classe frequentam? — gargalhei o olhando. — Fala sério Krystian.

— Ah sim, eu estou falando muito sério. — ele assentiu rolando o olho por toda a oficina. — Eu não sei por que eu ainda não te larguei aqui e fui andando para casa.

— Porque eu te prometi uma carona. — sorri amarelo e ele bufou indo se escorar na parede atrás de nós. — Acalma um pouco cara, não deve demorar muito para liberarem.

— Você nem sabe se esse carro vai ficar pronto hoje e o pior... Se o seu carro não tivesse quebrado você teria ido embora da universidade sem mim.

Cobri minha boca com a mão direita, abafando uma risadinha.

Eu nem ao menos lembrava mais de Krystian quando larguei da última aula.

— Você é um escroto Josh.

— Me conte uma novidade. — descobri minha boca, o vendo revirar os olhos. — E o seu carro? Fica pronto quando? Tá demorando né? — cruzei os braços, dando alguns passos para trás a fim de encostar-me a parede também.

— Ele só foi para a autorizada na sexta. — ele deu de ombros. — Tinha fila de espera e para o meu azar mandaram o reboque nessa última sexta, só que sábado e domingo não são dias úteis, o carro tá parado tem duas semanas. — ele explicou. — Eu poderia ter mandado ele para um mecânico qualquer no dia que eu descobri o problema, mas eu não pago em vão o extra do carnê para ter a garantia.

— Que merda cara... — Krystian assentiu com uma expressão dolorosa no rosto com o quê eu havia acabado de falar, provavelmente ele estava pensando no quão ruim é finalmente ter um carro, mas não poder usa-lo. — Vou ter que te dar carona por mais uns dias. — completei o fazendo acordar de sua bolha dramática sobre seu carro para me estapear.

— Você. É. Insuportável. — ele falou pausadamente em meio aos poucos tapas estalados que me dava desde que eu desviava da maioria.

— Tá forte hein. — reclamei quando ele parou de tentar me bater, passando minha mão no braço mais afetado que agora estava mais quente do quê o de costume.

— Só espera as minhas aulas de boxe começar. — ele fez um sinal de espera com a mão. — Eu vou socar aquele saco de pancada como se eu estivesse socando a sua face, vou desbancar a carreira inteira do Sugar Ray Robison com apenas um murro. — ele ameaçou e eu fiz uma careta desprezível, virando o rosto para o lado oposto de onde estava o Krystian.

Eu tenho uma amiga suicida.

Uma colega psicopata e cortadora de freios.

E agora um colega com tendência agressiva.

Fora os repentinos surtos de palavras afiadas que estamos cada vez mais acostumados a gerar entre nós.

O ponto é que eu preciso de novas amizades.

Se bem que eu posso manter a de Krystian.

Tendência agressiva não é algo que realmente me assusta — tampouco que me orgulha. —

— Ignorando o fato de que você quer me comer na pancada... Conseguiu conversar com a Sabina sobre o freio? — voltei a olha-lo quando me lembrei do real motivo de ter lhe oferecido carona e lhe obrigado a andar no caminhão-reboque para chegarmos até aqui.

— Conversei. — ele ficou tenso de repente e cruzou seus braços de um jeito estranho, como se estivesse abraçando ou protegendo o próprio corpo. — Não foi ela... Segundo ela. — ele deu de ombros sem graça enquanto tentava fazer pouco caso do assunto.

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