oi, talvez alguém note uma mudança na narração — descobri que desaprendi a escrever em primeira pessoa.
Josh.
— E... Está tudo bem?
— O quê significa estar bem para você?
Rebateu Diarra enquanto rompia um enviesado sorriso por entre seus lábios, soando mais ácido do que desejava com alguém que lhe costumava ser tão íntima.
Irritado, revirava a pequena, porém carregada, mochila que o acompanhara ao estúdio, buscando pelas chaves do Filho entre as caixas de cigarro vazias e papéis que a atolavam.
Estava menos tenso que o esperado, apesar disso. Entrara onde lhe fora designado assim que chegara, respondendo às perguntas claramente, mesmo que tivesse spots de luzes cegando-o e homens incontáveis o distraindo com uma alta contagem regressiva para começar a gravar.
A única mulher que avistara no lado penumbro da sala era a mesmo que de minuto e minuto aplicava mais pó em sua testa.
Segundo ela, para que a sua pele não parecesse ensebada na alta qualidade.
Diarra, entretanto, não só parecia como realmente era muito acostumada com aquilo, seu estômago sequer revirava.
Era uma pena para Josh que, esbarrando de porta em porta do estúdio, apenas naquele instante haviam conseguido trocar mais palavras do que cumprimentos sem futuro: Quando estavam finalmente liberados e largados na sala de espera, de fronte para uma porta de vidro, que deixava transpassar os faróis e os engasgos dos motores dos carros, ambos desesperados para ir embora.
A pressa em deixar o lugar e se despir da companhia de quem já lhe fora um acalento, fazia parecer com um mero detalhe o tempo que dispôs fantasiando encontrar grandes apresentadores de TV e a frustração ligeira de acabar em uma casa alugada exclusivamente para o documentário sobre Hina, sem ninguém relevante e que lhe arrancasse da sua própria realidade por alguns segundos.
Diarra poderia ser famosa o quanto fosse, mas continuava o fazendo lembrar que tinha que lidar com Any Gabrielly, sua ex-namorada, sua filha com câncer, a polícia na cola do mais novo trio, uma amiga presidiária, outra exilada, outro morto — encontrado abaixo de sua cama — e a última internada, mas com a sua sanidade sendo questionada pela mídia a todo instante.
Estava tudo uma merda. Sentar-se, olhar para uma câmera e falar sobre a vida de Hina o fez perceber aquilo mais do que nunca. Fora um soco no estômago que quase, quase, o fizera odiar Hina e o qual que fosse o pecado cometido para que não bastasse a liquidar, mas assombrar a vida de todos os que restaram.
— Sinto muito.
Diarra sussurrou, fazendo-o sentir cada fibra de pesar em seu corpo, parando de vasculhar a mochila para acenar com a cabeça lentamente, com as engrenagens maldosas de sua mente trabalhando em alta voltagem. Não tinha muita certeza de que se importava com se lhe sentiam muito.
— Mude o disco.
Respondeu bruscamente, como se o trabalho de sua mente tivesse se encerrado, não se preocupando em ser bondoso e voltando a vasculhar a mochila na intensidade anterior.
Como um objeto tão grande se perderam em uma mochila tão pequena?
E em um lapso de memória frustrante, recebera a resposta.
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TrUtH oR dArE? mErCy!
FanfictionUm dia após uma reunião entre amigos, Hina é encontrada morta em seu apartamento. 'All for Hina' se torna o assunto mais comentado do mundo junto a campanhas de prevenção ao suicídio, só que o que ninguém imaginava era que sete dias depois de sua mo...