DEZESSETE

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AVISO DE CONTEÚDO: NEGLIGÊNCIA POLICIAL E O TEMA SUICÍDIO ABORDADO DE MANEIRA ESCRACHADA.

Noah.

No mesmo horário em que Josh acordava, porém a cerca de catorze milhas de seu loft. 4:48PM — Quarta-feira.

— Eu falei que tinha alguma merda estranha nesse caso Bailey. Eu lhe falei e não foi uma, duas ou três vezes, foram vários e vários momentos em todas as vezes que você me mostrou aquele inquérito. — gritei com o homem que me encarava incrédulo em sua cadeira como se estivesse extremamente ofendido com as minhas palavras.

E é bom que esteja mesmo.

— Primeiramente Noah, eu irei refrescar a sua memória sobre a sua própria área de trabalho. — ele gesticulava de uma maneira exagerada, parecendo extremamente debochado para me fazer entender o quê ele queria dizer. — Eu sou um escrivão da polícia civil, ou seja, eu arrumo mandatos, autos, executo a lavração dos B.O.'s e outras coisas que você sabe muito bem, mas eu determinantemente não sou um perito criminal e se você está a fim de gritar com alguém por estar frustrado com os furos dos casos que recebeu, vá até onde os peritos que atenderam essa ocorrência e os façam preferir a surdez a tanta ladainha, não eu. — ele reclamou e eu até diria que ele tem razão, mas não estou a fim.

— Eu não acredito que o delegado de Los Angeles é um incompetente. — neguei com a cabeça completamente desacreditado, falando aquilo mais para mim do quê para Bailey, cheguei até a pegar um dos enfeites da mesa e o mirar para a parede a minha frente enquanto pensava nisso, mas não o destruí.

Eu na verdade o coloquei de volta no lugar.

— Você resolveu largar o cargo de delegado e me carregar para esse departamento, inclusive nos últimos dois meses você me carregou para Washington. — ele jogou na minha cara, continuando a gesticular ridiculamente. — Além de quê você continua sendo o chefe de polícia desse lugar mesmo estando atarefado com coisas chiques do presidente, então se você precisa tanto por a culpa em algo, deveria estar frustrado com você mesmo. Aproveita para ficar delirando sobre como você poderia fazer algo sobre essa falha se estivesse aqui.

— Não foi uma falha, foi uma vida. — engoli em seco para não xinga-lo de todos os piores nomes que eu podia formular, começando a estralar os meus dedos, algo que é péssimo hábito meu quando estou começando a me irritar com algo. É péssimo, mas ao mesmo tempo me ajuda muito. — Foram na verdade duas vidas. — concertei-me.

— O quê são duas vidas perto das dezesseis mil que morrem durante todo o ano por mortes tão violentas quanto essas nesse país? — ele riu ironicamente provavelmente por me achar inocente demais. — Agora elas são apenas estatísticas, Noah.

Estatísticas.

Podiam ter continuado sendo vidas se não tivessem sigo negligenciadas, mas sendo bem honesto, acho que até eu estou me perdendo em encontrar a linha tênue que separa quando a culpa deixa ou começa a ser a polícia.

Eu simplesmente não sei a quem culpar por isso.

Literalmente.

— Ótimo... E o quê você quer que eu faça sobre isso? Que eu ignore toda essa situação simplesmente porque já era? Porque já é uma estatística? Que eu deveria voltar para Washington e deixar tudo na mão de um substituto? Mesmo tendo a mídia toda me pressionando ao saber por que eu vim até aqui para me envolver com esse caso? O mundo todo vai estar com os olhos nos Estados Unidos da América assim que eu quebrar o silêncio Bailey. — fui o mais sincero o possível com ele, sentindo que estava simplesmente o usando para externar toda a angústia que sentia por saber havia tudo ido por água abaixo e não havia o quê fazer. — O quê você acha que eu devo dizer quando descobrirem que não existe mais nenhuma prova dos homicídios de Hina Yoshihara e Lamar Morris?

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