INTERROGATÓRIO 1.3

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Trisha Morris.

— Boa tarde Noah. — fechei a porta da sala de interrogatórios com cautela, cumprimentando a figura conhecida com toda a educação que consegui acumular com todos os meus anos na soberba da elite.

— Boa tarde Sra. Trisha Morris. — ele acenou com a cabeça como um cumprimento e, apesar de já ter o cumprimentado da minha forma, optei por copiar o seu movimento enquanto me acomodava na única cadeira livre a frente do mesmo. — Eu irei conduzir o seu interrogatório.

Abri um singelo e unicamente educado sorriso, assentindo novamente com a cabeça para que ele pudesse prosseguir. Sentindo-me um robozinho naquela situação.

— Onde você estava e com quem você estava no dia da morte de Lamar Morris? — ele me fez a primeira pergunta e eu reorganizei a minha postura, sugando e expelindo uma boa quantidade de ar antes de responder.

— Eu estava em Paris com o meu marido. Inicialmente aquela seria apenas mais uma das viagens de negócios que fazemos de tempos em tempos, mas nós decidimos pouco tempo depois que iríamos estendê-la para uma décima quarta lua de mel nas Maldivas, nós precisávamos de um descanso e esse é um destino muito comum. Inclusive me recordei de você enquanto comprávamos as passagens para um suposto paraíso que se tornou de certa forma um inferno. — apontei para ele quando me referi ao próprio e ele novamente fez um aceno com a cabeça, porém manteve a sua profissional expressão fechada estampada no rosto o tempo inteiro.

— O Lamar costumava ficar só em casa durante essas viagens? Ele já é maior de idade, logo, não existia responsabilidade alguma de que vocês o levassem com vocês, mas por uma questão digamos que curiosa, ele demonstrava alguma vontade de acompanha-los? — ele gesticulou de uma maneira persuasiva e eu entendia que aquela era aparentemente uma pergunta desnecessária e por isso ele estava a enfeitando tanto, mas eu responderia mesmo assim.

— Quando ele era mais novo sim. — concordei enquanto me lembrava mentalmente como um filme acelerado de todos os bons momentos da infância dele. Sinto uma falta cortante de um tempo que não volta. — Atualmente não. As nossas viagens geralmente duram semanas porque nós acumulados trabalho de um bimestre para resolver em um mês justamente para não ficar tão longe dele desde que o Lamar infelizmente não podia nos acompanhar, não com a rotina que ele levava.

— Faculdade? — Noah indagou a respeito do quê ocupava o tempo do meu único filho.

— Ele trabalha. — contei, tendo que fechar os olhos com força ao fazê-lo. — Trabalhava.

— Então ele não dependia do seu dinheiro para nada? Não era rotineiro de ele pedir algum auxílio ou suporte vindo de vocês?

— Não é como se ele ganhasse milhões cantando em bares. — dei um meio sorriso contando aquilo. — Mas ele vivia conosco, comia da nossa comida, não tinha contas fixas para pagar. O dinheiro que ele ganhava cantando era utilizado para fins recreativos.

— E a faculdade? Como era paga? Ele estudava em uma faculdade pública, mas o valor da UCLA é um tanto salgado. Mil e cem dólares mensais.

— Eu e o Alexandre criamos uma poupança para ele assim que ele nasceu. Nós depositávamos uma quantia de uma suposta mesada que ele estaria recebendo nessa conta e quando ele foi ganhando mais entendimento, nós chegamos a questionar mais de uma vez se ele preferia começar a receber a mesada viva para que já pudesse gastar ou se ele preferia depositar na poupança e acumular para o futuro. Ele preferiu juntar para fazer a faculdade e isso me deixou bem surpresa, mesmo que o Lamar sempre tenha demonstrado que não gostaria de depender de nós para sempre. Receio que ele abdicou de boas regalias enquanto adolescente com uma boa quantia de dinheiro.

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