09_ Biologia marinha.

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Eu realmente não preciso de inimigas tendo a Tamara como minha amiga.

Eu olhei para Noah para ver se ele havia escutado, e tive certeza que sim quando ele riu e olhou pro outro lado disfarçando.

- Espera quando eu chegar. - Falei depois de respirar fundo mil vezes e me levantei tentando agir como se nada tivesse acontecido. Tamara apenas riu.

- Estaremos te esperando para ver H2O. - Tamara falou sorrindo e eu segui Noah.

Noah deixou sua prancha no jardim de sua casa, que era ali do lado, e logo nós dois seguimos pela calçada em direção ao pier.

- Acho que até eu me assustei quando te vi tão nervoso daquele jeito. - Quebrei o silêncio e Noah olhou pra mim.

- Ah... - Ele riu. - Eu raramente fico nervoso. Garanto. Sou conhecido por meu bom humor. Mas... mano, se tem uma coisa que me irrita profundamente, é quando mexem com animais. Caraca, eu fico possesso!

- Te entendo perfeitamente. Na verdade, eu me estresso com muita coisa e muito fácil. - Ri de mim mesma. - Sou totalmente o oposto da Holly. Mas quando se trata de animais, eu acho muita covardia.

- Pois é. Eles são tão indefesos. Eu não sei o que tem na cabeça desses caras.

- Um cérebro é que não é. - Noah riu do que eu disse e eu logo havistei o tal Pier.

- Você acha que eu exagerei? Eu não medi minhas consequências na hora. Se meu pai descobrir, eu to ferrado.

- Exagerou? Você fez foi pouco! Eu teria feito se você não tivesse me impedido. - Noah sorriu pra mim. - Por que você estaria ferrado?

- Meu pai odeia violência tanto quanto eu. Se chegar aos ouvidos dele, não vai ser nada legal. Até porque as moças que morar do outro lado da minha casa são muito fofoqueiras e sempre aumentam a história. Se chegar até os ouvidos delas que eu soquei um cara, elas vão contar pro meu pai que eu sai distribuindo socos na praia. - Acabei rindo do modo que ele falou.

- Vizinhas fofoqueiras existem em todo lugar. - Falei rindo.

- É. - Noah riu. - Bem... eu te falei uma coisa que odeio. E você? Tem algo que odeia?

- Eu odeio muitas coisas, não vou mentir. - Ri de mim mesma. - Odeio ser shippada pelas minhas amigas, odeio homens nojentos que ficam mexendo comigo na rua, odeio que façam cócegas em mim...

- Assim? - Noah se aproximou de mim de repente e começou a apertar minha cintura.

- Não! Noah, não! - Gritei já começando a rir. Eu odiava quando faziam cócegas em mim pelo motivo de eu ficar rindo igual uma retardada. Então saí correndo na direção do pier e Noah correu atrás de mim. - Para, por favor? - Me virei pra ele esticando meus braços na direção dele para impedi-lo de chegar a mim enquanto ele sorria pra mim.

- Ok. - Ele ergueu as mãos como quem se rendia e eu abaixei meus braços enquanto respirava afobadamente por ter corrido.

- Não faz mais isso, pelo amor de Deus. - Voltei a caminhar ao lado dele e ele riu. - Eu não sei reagir bem a cócegas.

- Não prometo nada. - Ele sorriu convencido e eu o encarei com uma sobrancelha arqueada.

Noah sorriu pra mim e apertou minha bochecha. Logo depois voltou a andar enquanto olhava pro mar.

- Parece que seu bom humor voltou. - Andei um pouco mais rápido para alcança-lo.

- Graças a você. - Ele falou calmamente.

Eu fiquei sem graça quando o ouvi. Mas como ele não estava olhando pra mim, eu não corei.

Nós dois caminhamos em silêncio pelo pier enquanto um vento fresco nos atingia. Só ouvíamos o som das ondas e de algumas pessoas e crianças que estavam ali.

Quando chegamos ao fim do pier, Noah se apoiou na Madeira e olhou para o mar.

Eu fiz o mesmo. A vista dali era linda. Eu queria muito poder morar num lugar como aquele. Acordar todos os dias e ver o oceano seria um sonho pra mim.

- Posso te contar uma coisa? - Noah perguntou quebrando o silêncio.

- Uhum. - Assenti.

- Eu amo surfar. - Olhei pra ele e ele acabou olhando pra baixo rindo. - Ta, isso já está estampado na minha cara. Eu amo surfar, é algo que eu faço desde sempre. Eu sempre participo de campeonatos e competições, tenho vários troféus e meu pai tem muito orgulho disso. Por ele eu viveria disso. - Noah olhou pra mim.

- E por você?

- Por mim... eu gosto muito de surfar, mas não ao ponto de ser minha carreira. Se eu pudesse hoje escolher de fato o que eu faria pelo resto da minha vida... acho que seria biólogo marinho.

- Sério?

- Sim. - Noah sorriu. - Eu amo estudar sobre o oceano e a vida marinha. O que é raro porque eu nunca gostei de estudar. - Ele falou me fazendo rir.

- Eu acho muito legal, Noah. Tenho certeza que seria um ótimo profissional. - Falei olhando pra ele e o mesmo sorriu pra mim.

Era estranho o modo como o sorriso dele conseguia meio que melhorar tudo ali. Eu não sei explicar. Era como se quando ele sorria, algo se acalmava dentro do meu peito. Era uma sensação estranha, eu nunca havia sentido antes. Mas era boa.

- E você? Já sabe o que vai fazer? Você vai pra faculdade ano que vem, né?

- Er... - Olhei pra baixo. - Eu vou. Eu só não sei pra qual e nem pra cursar o que. - Ri de mim mesma.

- Não tem nada que você realmente goste?

- Ah... eu não sei. Durante o meu ensino médio eu nunca me preocupei em pensar nisso. E agora que me formei... é como se me entregassem o controle da minha vida do nada e eu preciso decidir o que fazer com ela. Sendo que eu nem sei amarrar uma simples faixa no meu cabelo direito. - Noah gargalhou.

- Faz um teste vocacional. - Ele deu de ombros.

- Teste vocacional?

- É. Pra ver no que você se daria bem. - Ele falou voltando a olhar pra frente. - Você tem o poder de escolha. Já eu...

- Por que você não fala com seu pai sobre isso? É o seu futuro. - Toquei o ombro dele o mesmo olhou pra mim.

- Eu já tentei. Mas sempre que temos essa conversa, meu pai apresenta milhares de argumentos ótimos e convincentes para que eu siga no surf. No final eu acabo acreditando que ele está certo. E também, ele é meu pai. Ele sabe o que é melhor pra mim.

- Desculpa discordar, Noah. Mas o futuro é seu. O sonho é seu. É você quem tem que correr atrás do que te faz feliz. E se o seu pai te ama, ele vai compreender.

Noah olhou pra mim naquele momento sem dizer nada. Apenas analisou meu rosto por alguns segundos.

Eu acabei me sentindo sem jeito enquanto o mesmo me olhava.

- Noah? - Chamei a atenção dele e ele olhou nos meus olhos.

- Han? Foi mal. - Ele riu de si mesmo e se virou apoiando suas costas na madeira do pier. - Você me desconcentrou.

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Continua...

Naquele VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora