28_ Complexo de inferioridade.

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Ali, abraçado a mim, enquanto seus olhos brilhavam e seu sorriso me atingia, eu senti algo no meu peito que eu não soube explicar.

Eu estava apaixonada. Não tinha mais dúvidas.

Noah despertava em mim a melhor sensação e naquele momento eu quis que a hora parasse. Não queria que aquele momento acabasse. Não queria sair do meio de seus braços.

Seus olhos transpassavam uma paz incrível pra mim e eu sentia que podia enfrentar tudo ao lado dele. Eu quis estar ao lado dele. Eu quis tê-lo comigo. Eu me apaixonei e agora não queria mais sair do lado dele.

Noah ainda olhava pra mim quando percebi que aquilo não aconteceria. Quando o verão acabasse... eu teria que ir para seguir minha vida e Noah seguiria a dele aqui.

Eu soube que meu olhar transpareceu minha angústia quando Noah parou de sorrir.

- O que foi, Jennie? - Noah perguntou preocupado.

- Não é nada. - Respondi quase que de imediato. - Eu só... estava pensando no fim do verão.

- No fim? Ta ansiosa pro verão acabar? - Ele perguntou.

- Nem um pouco. - Neguei sem sorrir.

- Não pensa nisso, princesa. - Noah tocou meu queixo me fazendo focar toda a minha atenção nele. - Foca no agora.

Eu não tinha certeza se conseguiria fazer isso, mas me esforcei para aproveitar aquele tempo que estava com ele. Eu não sabia o que o futuro me propircionaria.

Noah aproximou seu rosto do meu devagar e me deu um selinho demorado de forma calma e delicada.

Logo depois ele olhou pra mim com um sorriso fofo. Sorriso que fez meu coração acelerar de uma forma incrível e me fazer crer que eu realmente estava louca por ele.

- Eu gosto do seu sorriso. - Minha voz saiu baixa por conta da minha timidez. Mas eu não me arrependi de ter dito aquilo. O jeito que Noah começou a ficar vermelho valeu totalmente a pena.

Eu estava me segurando para não rir dele, pois ele estava muito fofo, e ele acabou rindo antes de mim.

Noah tampou o rosto com as mãos envergonhado enquanto ria de si próprio e eu acabei rindo também.

Ele se virou pra cima com as mãos no rosto ainda envergonhado e eu o abracei.

- Ai você é muito neném. - O abracei forte e lhe dei um beijo na bochecha.

- Você é que é. - Noah apertou minhas bochechas me dando um beijo logo em seguida.

Eu e Noah ficamos ali por mais um tempo. Começamos a ver um filme que eu não estava entendendo nada, mas fingi que estava pra poupar o Noah de ficar respondendo minhas perguntas idiotas.

Tipo, qual era o nome do filme, porque nem isso eu tinha entendido.

Mas eu realmente não me incomodei com aquilo. Estar com Noah me deixava feliz. Talvez estar com ele me deixava até mais feliz que comida. Ou não. Não sei. Comida é vida. Sei la.

[...]

Eu passei o resto da tarde ali com ele. Não estava preocupada com a hora e não planejava sair dos braços do mesmo que já havia dormido tão cedo.

Infelizmente eu recebi umas mensagens da Holly pedindo para eu ajudar ela e a Judy a escolher as fotos para mandar para a tal agência.

Por coincidência seu pai chegou assim que eu estava prestes a sair. O que me deixou mais tranquila, já que Noah estava dormindo e eu não queria deixa-lo sozinho.

Cole passou pela sala, sorriu pra mim, olhou para Noah, fez uma careta e logo sumiu as escadas.

Coloquei meu celular em meu bolso e fui na direção de Noah antes de sair. Me abaixei perto dele na intenção de lhe dar um beijo na bochecha, porém o mesmo se virou pra mim bem na hora me fazendo beija-lo na boca.

Logo depois ele abriu os olhos e me encarou com um sorriso maroto.

- Já vai? - Ele perguntou ainda com a cara um pouco inchada do sono.

- Vou. A Judy e a Holly precisam de mim. - Respondi.

- Tudo bem. - Noah coçou seus olhos e abriu os braços olhando pra mim. Ri do mesmo e o abracei. Ele me deu um beijo na bochecha enquanto me abraçava e logo depois eu sai de lá.

Fui direto para casa vendo que já estava bem de tardezinha.

Assim que cheguei, Judy e Holly estavam sentadas no sofá da sala. Holly com seu notebook e Judy assistindo Victória's secret na televisão.

- Ai meu Deus! É a edição de 2013? Da Taylor Swift? - Perguntei me sentando no sofá ao lado dela. Eu sempre amei assistir Victória's secret, que pra quem não conhece, é um desfile de langerie muito famoso onde as modelos desfilavam ao som de cantores e bandas famosas. Eu amava.

- Sim! É uma das minhas edições favoritas. Só perde pra de 2018 pra mim. - Judy respondeu empolgada. - Pra mim, a mais linda e que é minha inspiração é a Adriana Lima. A brasileira sabe?

- Sei! Ela é maravilhosa! - Respondi voltando a olhar pra televisão. - Bem... cadê as fotos?

- Aqui. - Holly começou a me mostrar as fotos no notebook enquanto eu ia dizendo quais eu achava mais bonita. Eu não entendia tanto, mas eu era formada das edições do Victória's secret, então eu tinha um pouco de noção.

Estava vendo as fotos de boa, até que uma minha apareceu. A foto que Holly havia tirado minha quando eu a zuei.

- Holly apaga isso!!! - Falei com meus olhos arregalados.

- Mas por que? Ficou tão tumblr! - Holly falou num tom irônico.

- Apaga isso, Holly! - Judy acabou olhando para o computador.

- Ai que gracinha. Não apaga. - Judy falou e eu a olhei.

- Gracinha aonde? Apaga. - Exigi e Holly acabou apagando a foto contra a vontade dela.

Elas seguiram passando as fotos e de repente eu senti uma pontada ruim. Vendo as fotos lindas da Judy, me senti extremamente inferior.

Ta, ela estava maquiada e com um vestido lindo, mas eu também já havia visto naturalmente. E ela era linda do mesmo jeito.

Eu havia ficado horrorosa naquela foto e me senti horrível por isso.

Olhei para a televisão vendo todas aquelas modelos lindas e com corpo impecável e isso não ajudou em nada.

Terminei de ajuda-las a escolher as fotos e disse que daria uma volta.

Antes de sair, tomei um banho e percebi que já havia escurecido e também estava começando a esfriar. Então coloquei uma calça de moletom, uma blusinha de alça e um casaco por cima. Talvez eu parecesse uma maluca. Mas eu não ligava. Não seria uma roupa bonitinha que me deixaria melhor aparentemente.

Sai da casa e comecei a andar pela praia que não havia quase ninguém. Abracei meus próprios braços sentindo a mesma pontada no peito e abaixei minha cabeça.

Acabei me sentando na areia e olhei pro mar. Eu estava me sentindo mal. E eu odiava isso. Odiava ter complexo de inferioridade. Odiava estar bem e de repente começar a me sentir inferior a qualquer garota que eu visse. Odiava. Odiava. Odiava.

Naquele momento duas meninas passaram por trás de mim sorrindo e conversando. E advinha? Elas eram lindas, tinham corpos lindos e cabelos mais ainda. E advinha também? Eu me senti inferior.

  Olhei pro mar sentindo uma lagrima escorrer. Não era de tristeza, era de raiva. Eu odiava isso em mim. Eu odiava me sentir desse jeito. Odiava o jeito que eu era magra demais e odiava me comparar a outras garotas por isso.

Por que eu não podia me amar do jeito que eu era???

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Continua...

Naquele VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora