Pesadelo

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- Oh meu querido, você está tão morto! - disse a Angell dando uns passos lentos e firmes. Dei uma gargalhada ecoando para trás.

Angell correu e saltou para cima de mim socando a minha cara e me arranhando, essa garota possuí uma força do demônio ou foi porque ela fez pacto com a Xuxa?

Acordei dos meus pensamentos por outro soco na cara.

- Ai porra! Essa doeu, nanica! - gritei e ela começou a rir, louca.

- Só não te bato mais porque não sou má. Agora eu vou limpar esses trecos, e ai de você se tirou foto e mostrou pros seus amiguinhos - disse caminhando para o banheiro.

- Ups? - ela olhou pra mim com um olhar mortal e eu ri - É brincadeira.

- Bom mesmo.

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Já era de noite enquanto eu e a Angell brincavamos de Joken-Pô. Quem perdia acertava a garrafa na cabeça de alguém. Eu perdi umas 10 vezes e fui acertado na cabeça, na cara e em outras partes que eu prefiro nem comentar.

- Dani, tô com sono - disse ela coçando o olho.

- Eu também, vamos dormir - ela se levantou da minha cama e caminhou que nem um zombie para a dela, deitando e assim fechando os olhos.

- Boa noite, nanica.

- Boa noite, idiota - disse baixinho.

Passou alguns minutos e eu não estava conseguindo dormir, virei para a Angell. 

Até hoje eu não percebi como ela é linda dormindo, até parece um anjo em forma de capetinha.

Observei ela mais um pouquinho até os meus olhos começarem a pesar.

POV Angell

Corri pela floresta escura, os galhos que ficavam à minha frente arranhavam o meu rosto e os meus braços. Ela estava atrás de mim. Ela queria me matar. Tropecei em alguma coisa que estava na relva e cai, ficou tudo escuro. Não, eu não iria desmaiar.

A floresta de repente se transformou em um prédio branco. Clara estava sentada na janela com um bebê no colo, o bebê tinha cabelos escuros e olhos feitos de anjo. Ela queria suicidar-se levando o bebê junto e o mesmo começou a chorar alto.

- CLARA! Saia desta janela com a minha filha, agora! - gritou o meu pai.

- Querido, ela também é a minha filha. E iremos para um lugar melhor do que este. Longe dessas pessoas estúpidas que nos fazem sentir mal - disse Clara com toda calma possível na voz e olhando para o bebê que mexia os seus braços pequenos.

- Mãe não faça isso! - gritei, mas nenhum dos dois me ouviram.

Caleb chegou mais perto da psicopata que eu chamava como mãe e tentou tirar o bebê do colo dela, só que era tarde demais. Ela já havia pulado.

Acordei ofegante, suada e com a respiração acelerada.

Foi só mais um pesadelo.

Notei que o meu rosto estava muito molhado, e não era o suor. Eram as minhas lágrimas. Por que eu tenho que sonhar, ou melhor, "pesadelar" com essa mulher?

Limpei o meu rosto com o cobertor e suspirei. Agora é só superar o medo de dormir de novo. Ou tentar dormir de novo.

- Angell? - escutei uma voz rouca e sonolenta perto de mim, Daniel - Você está bem?

- Claro que sim, tonto. Por que não estaria?

- É que você tá suando muito - ele disse se sentando na cama.

- Tá calor...? - inventei uma desculpa.

- Cê ta brincando? Tá muito frio Angell! - disse erguendo uma sobrancelha.

- Argh. Eu só tive mais um pesadelo, só isso - revirei os olhos.

- Hm. Volta a dormir então - disse se deitando e se cobrindo.

Levantei-me da cama pra ir ao banheiro e lavar o rosto. Quando eu iria sair, ouço uma trovejada e corro direto para a cama, colocando o cobertor em cima da minha cabeça.

Ouço mais outro e mais outro até que eu não resisto.

- Dani? - eu disse trêmula.

- Oi - tossi antes de pedir uma coisa vergonhosa.

- Ahm, posso me d-deitar com... você? - ele se virou rindo de mim e assentiu com a cabeça, dando espaço pra eu deitar junto com ele. Peguei o meu cobertor, me embrulhei nele que nem presente e caminhei até a cama dele - Se tocar um dedo em mim, você fica sem a sua mão todinha - ele riu.

- Fica calma, não vou te estuprar - riu  e eu revirei os olhos.

Trovejou de novo e por um impulso, agarrei no Dani com medo.

- Você que encostou em mim! - levou as mãos para o ar em forma de rendimento, ri - Você tem medo de trovões, é? - assenti com a cabeça - Não vai acontecer nada, relaxa. A menos que um trovão invada o nosso quarto e acabe nos matando...

- Ai, infeliz! Para de dizer essas coisas! - resmunguei e ele riu.

Em um momento de silêncio, Daniel começou a fazer carícias no meu cabelo. Aconcheguei-me pra mais perto dele e ele parou.

- Continua - pedi baixinho.

- Pensei que não gostasse disso - colocou a mão novamente no meu cabelo, acariciando-o de novo.

- Eu gosto - sussurrei e fechei os olhos.

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pra quem não entendeu a parte do pesadelo da Angell, a Clara era a mãe dela e o Caleb o pai ;)

~morgan 

AngellOnde histórias criam vida. Descubra agora