❝ɪ'ᴍ sᴄᴀʀᴇᴅ, ɪ'ᴠᴇ ɴᴇᴠᴇʀ ғᴀʟʟᴇɴ ғʀᴏᴍ ǫᴜɪᴛᴇ ᴛʜɪs ʜɪɢʜ.. ғᴀʟʟɪɴ' ɪɴᴛᴏ ʏᴏᴜʀ ᴏᴄᴇᴀɴ ᴇʏᴇs❞
𝐒𝐎𝐅𝐈𝐀 𝐇𝐎𝐋𝐋𝐎𝐖𝐀𝐘 não costumava ver a vida com positividade. Crescida em um lar tóxico, com pais ausentes e envolta em brigas, havia amadurecido mais cedo...
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T h o m a s
Eu estava ficando louco. Tinha plena certeza disso. Pouco a pouco, eu estava perdendo meus sentidos. Cada vez que eu olhava pra Sofia, sentia algo diferente. Cada vez que ela falava dos sentimentos dela pra mim, era como se eu quisesse abraçar ela, confortar ela e não largar mais. Nunca mais. E agora eu sentia que ela sabia disso, o que podia me complicar.
Ela sabe que não temos o sentimento de parentesco que deveria existir, mas há qualquer momento pode querer falar para o pai sobre como o “Tio Thomas” olha pra ela. Esse é meu único medo. Por quê se isso acontecer, Marshall a leva embora e aí sim eu nunca mais terei contato com ela de novo. Não. O melhor a fazer é ficar quieto e fingir que nada está acontecendo. Isso.
Terminando de preparar a macarronada do jantar, ouvi um som agudo do quarto de Sofia, algo como um grito abafado, que me deixou bastante preocupado. Em seguida, outro. Gritei seu nome mas ela não apareceu e nem respondeu. Por curiosidade, desliguei o fogão e subi, mas estava novamente tudo em silêncio. A porta do quarto estava entreaberta, o que eu achei estranho. Empurrei a porta e só então pude ouvir o som do chuveiro. Mas antes que pudesse sair do quarto, ouvi um som estranho também vindo do banheiro.
Agora meu coração estava acelerado e a ideia de ir lá passava repetidas vezes na minha mente. Não podia fazer isso. De certo que Sofia está lá, nua, tomando banho.. Mas.. Que indecisão! Estava saindo do quarto quando ouvi meu nome soar. Foi baixo, como um gemido. Mas eu não estava louco, foi o meu nome, pude ouvi-lo com todas as letras. Era como se ela soubesse que eu estava ali, como se me chamasse.
Antes que pudesse parar meus próprios reflexos, andei até o banheiro, colando o ouvido na porta, até notar que a mesma estava aberta, com apenas uma fresta.
Eu estava prestes a fazer a coisa mais errada da minha vida inteira. Até meu último lapso de consciência praticamente gritar e me impedir. Independente do que Sofia estivesse fazendo ali, e mesmo que envolvesse a mim, eu não tinha esse direito. Eu queria, mas não faria isso.
Desci, sem fazer barulho, e com o coração batendo à mil por hora. Terminei o jantar. Me servi e fui pra a sala. Enquanto eu comia, Sofia desceu. Estava vestida como um anjo. Short branco, moletom branco e os cabelos soltos, ainda molhados. As maçãs do rosto estavam rubras, dando à ela um tom doce. Andou até a cozinha e voltou pouco depois com um prato e um copo. Sentou ao meu lado e pegou o controle da TV.
- Vai assistir algo?
- Não. - Respondi, evitando o seu olhar.
- Vou usar sua conta da Netflix, ok?
- Ok.
Ela uniu as sobrancelhas na minha direção em curiosidade mas não perguntou nada, e eu agradeci mentalmente por isso. Continuei comendo e conversando por mensagens com Abel, contando sobre o acontecido, sem detalhes. Quando terminei, levei minha louça até a pia e deixei lá. Lavaria depois. Voltei para a sala e peguei o pequeno molho de chaves da casa.