Eu sentia que havia algo de errado nessa história, muitas coisas não se encaixavam nas coisas que Sarah me contava. Definitivamente há algo que ela não está contando. Eu posso ter alguma ideia do que realmente acontece, mas não posso afirmar e gostaria muito de ouvi-la confirmar para que eu pudesse ajudá-la de alguma maneira, queria que ela me deixasse claro que precisa de ajuda. Tenho medo de confrontá-la e piorar a situação, medo de perdê-la de vista, medo de que as coisas se tornem ainda pior. Não consigo acreditar que aqueles hematomas e machucados foram causados por um acidente no sótão, afinal, não era a primeira vez que eu notava marcas roxas pelo seu corpo, tentava ao máximo não deixá-la perceber que eu as via, porém, a raiva que toma o meu corpo quando eu considero a ideia de que o marido a agride é incontrolável. Eu sai de sua casa há alguns minutos e estou dirigindo sem rumo, não quero ir para casa e pensar no assunto mais uma vez sem poder agir ou ignorá-lo enquanto ela sofre.
Eu conheço Sarah há pouco tempo, mas não é o que parece. Sinto como se ela fizesse parte da minha vida há anos. Deve ser por isso que estou tão atormentado com o que pode estar acontecendo em sua vida. E também pelo fato de ser inaceitável que um homem toque violentamente em uma mulher. Se os outros tipos de agressões são intoleráveis, a agressão física ultrapassa todos os limites. E, no fundo, também tenho medo de que ele possa perder o controle e acabar matando-a na frente do filho. Além de toda a preocupação que sinto em torno de Sarah, ainda tem um menino, uma criança inocente no meio de toda essa confusão. Minha cabeça dói.
— Ei, Niall. — falo, quando meu amigo atende o telefone. — Onde está?
— Estou me preparando para um encontro. — responde. — Torça por mim.
— Pode deixar.
Encerro a ligação com um suspiro e falo com o comando de voz do carro para iniciar uma outra chamada, dessa vez para o meu cunhado, Liam.
— Fala, Harry. — ele atende no segundo toque.
— Você está ocupado? — pergunto e paro no sinal vermelho.
— Estou assistindo futebol. Por quê?
— Estou precisando sair, não sei, beber um pouco e conversar. — suspiro. — Tem muita coisa na minha cabeça.
Combinamos de nos encontrar num bar próximo da casa dele e eu retorno com o carro para tentar pegar um caminho mais rápido. Não demora muito e eu paro o carro no estacionamento do local, entro e encontro Liam sentado em uma das mesas afastadas, assistindo ao futebol.
— Obrigado por vir. — sento-me na sua frente e peço uma cerveja quando a garçonete se aproxima.
Ele já tem uma garrafa, mas acaba pedindo mais uma ao notar que não há tanto líquido mais na sua.
— O que está acontecendo? — pergunta.
Eu balanço a cabeça, tentando organizar meus pensamentos, abro a boca para despejar tudo em cima dele, mas a mulher — que não deve ter mais do que vinte anos — está caminhando em nossa direção e eu espero que ela coloque as garrafas na mesa antes de tentar falar novamente. Eu sei que posso confiar em Liam, sei que esse assunto nunca sairá daqui por sua boca e é por isso que eu decido colocar tudo para fora antes que eu exploda sozinho com tudo isso em mente.
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Rescuing Life |H.S|
FanfictionQuanto um relacionamento pode tirar de você? Quanto vale a pena se doar pelo outro? Quanto vale a saúde física e mental? Sabemos quando é hora de parar? Somos capazes de fazer parar? Sarah não se questionou antes e, agora, não acredita que seja ca...