Eu estava deitada nos braços de Harry, ambos envolvidos por um lençol, há horas. Sua mão está entre os meus fios de cabelo, acariciando e eu estou há poucos segundos de cair no sono. Sinto-me totalmente segura e confortável com ele, como nunca me senti antes. Percorro seu braço com meu indicador e ele me aperta mais contra o seu corpo.
— Fiquei tão aliviada de Gabe receber bem a notícia. — confesso. — Estava com medo.
— Eu também. — suspira. — Não poderíamos culpá-lo, caso estivesse com um pé atrás diante desse assunto.
Viro-me para deitar a cabeça em seu peito e ele repousa o queixo sobre o topo da minha cabeça.
— Você precisa ir? Tem algo para fazer hoje? — pergunto.
— Absolutamente nada. — responde e é a minha vez de apertá-lo entre os meus braços.
Não demora muito e nós caímos no sono. Ao acordarmos, a fome fala mais alto e pedimos comida, levando tudo para o sofá retrátil. Acabamos por encontrar um filme interessante e permanecemos ali, mesmo após terminarmos a refeição.
Harry não é nada além de carinhoso comigo o dia todo. Ele me abraça e me acaricia sempre que pode, fazendo questão de deixar-me confortável, mesmo que ele tenha que se retorcer para caber no espaço restante. Felizmente, encontramos uma posição boa para ambos, já que ele é enorme e eu posso caber em qualquer lugar.
Definitivamente, essas ocasiões nunca estiveram presentes no meu relacionamento com Ethan. Tudo bem, no início, nós ficávamos algumas horas em seu apartamento, assistindo a filmes, mas era raro. Ele sempre preferia estar na rua, bebendo ou dizendo que estava cansado, principalmente depois que nos casamos. Meu namoro e casamento com ele se resumiu em pouco companheirismo e muito estresse.
— Acho que eu preciso ir visitar minha família. — solto e ganho sua atenção.
— Desde quando não os vê?
— Pessoalmente, há muitos anos. — respondo. — Não tive coragem de voltar lá depois que me separei. Além disso, minha vida virou uma correria quando voltei a estudar. Acabei evitando, com medo de não saber lidar com mais uma dose de estresse. No entanto, eles ainda são meus pais e acho que devo a eles uma visita.
— Eles são duros com você?
— Sim, comigo e com Grace. — confirmo. — Nós telefonamos para casa com frequência, para saber como vão as coisas e nem por isso deixamos de ser repreendidas. Atualmente, nós levamos o assunto com mais leveza, passei a entender um pouco os meus pais depois que tive Gabriel, embora ainda não concorde com o modo como nos criaram.
Ele assente e continua me ouvindo, atentamente.
— Um dos motivos que me empurraram a casar tão depressa com Ethan foi pensar que eu, finalmente, teria alguma liberdade. Ele foi meu primeiro namorado e eu não sabia absolutamente nada da vida, nada sobre relacionamentos, além daquilo que minha mãe dizia ou que eu via entre meus pais. — conto, perdida em pensamentos. — Eu o achava incrível. Ele agradou aos meus pais, era um homem bonito, religioso e que, até então, me tratava bem. Nós nunca tivemos isso, sabe? — aponto para nós. — Esses momentos, em que apenas nos jogamos no sofá após uma semana cansativa, assistimos TV e adormecemos um nos braços do outro, em segurança. Ele nunca tinha paciência para isso e eu considerava normal, achava que era só uma romantização do cinema, entende?
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Rescuing Life |H.S|
Fiksi PenggemarQuanto um relacionamento pode tirar de você? Quanto vale a pena se doar pelo outro? Quanto vale a saúde física e mental? Sabemos quando é hora de parar? Somos capazes de fazer parar? Sarah não se questionou antes e, agora, não acredita que seja ca...