Capítulo 7

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Por que eu fico pensando nela? Isso é errado

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Por que eu fico pensando nela? Isso é errado. Tem alguma coisa me puxando na direção dessa mulher e eu não sei dizer o que é. Conheço-a há tão pouco tempo, mas sinto que nossa conexão é mais forte do que deveria ser, do que é possível ser. É como se eu não soubesse da necessidade de tê-la em minha vida até finalmente isso acontecer. E agora que a tenho — mesmo como minha funcionária — não quero e não devo a deixar ir. É uma sensação forte e que eu nunca senti antes. Há, pelo menos, duas horas desde que ela saiu e mesmo assim o seu olhar e o hematoma em seu braço ainda estão presos na minha mente.

Sarah tem uma energia interior muito mais intensa do que ela deixa transparecer. Sinto que algo a impede de ser quem ela realmente é, alguma coisa a proíbe de soltar o seu grito de liberdade. Ela tem um brilho nos olhos que deixa qualquer ser humano encantado e prostrado aos seus pés, no entanto, ele aparece com muito menos frequência do que deveria, para falar a verdade, quase nunca está em seus olhos, são momentos muito raros e específicos que o traz a seu olhar. Há momentos também em que tudo o que posso ver em seu olhar é escuridão e vazio. Como se ela estivesse assustada ou com medo, como se precisasse se desligar de inúmeras coisas apenas para se manter viva. Eu não sei dizer e nem posso imaginar o porquê, porém, eu posso sentir que não está tudo bem, que aquela não é quem Sarah deveria ser.

— Irmãozinho, posso entrar? — tiro os olhos da tela do computador pela primeira vez desde que Sarah passou em minha sala para avisar que estava indo.

— Claro, Gem. — suspiro e coço os olhos para me livrar da ardência provocada pela exposição à luz da tela.

— Eu descobri tudo sobre o imóvel que você quer comprar. — aponto a cadeira a minha frente e ela se senta, entregando-me alguns papéis, os quais eu começo a avaliar. — O dono está a beira da falência e precisa do dinheiro. Está vendendo abaixo do preço de avaliação, porquê está desesperado.

— Interessante. — murmuro. — O prédio todo é dele?

— Sim, parece que a loja de cosméticos da filha funciona no térreo, ao lado da recepção e ela vive na cobertura. O restante dos apartamentos e o espaço da academia são alugados por valores satisfatórios. — explica. — O único motivo que o leva a vender todo o prédio é a falência, está atolado em dívidas e desfazendo de alguns negócios para investir no mais rentável.

— Entendi. Qualquer pista de quem seja esse proprietário?

— Esse é o ponto que deixa tudo mais interessante. — ela sorri e eu arqueio as sobrancelhas, esperando sua resposta. — Patrick Roberts.

— O pai de Angeline?

— O próprio.

Angeline Roberts foi minha namorada na adolescência. Eu a conheço desde que me entendo por gente, sempre estudamos juntos e não me lembro de um tempo em que ela não era apaixonada por mim. Não vou negar, também aprendi a amá-la. Nós brincamos no jardim de infância, conversamos envergonhadamente em alguns momentos na pré-adolescência e, quando o interesse por mulheres se ascendeu incontrolavelmente dentro de mim, eu a beijei aos catorze anos. Esse foi um marco em nossas vidas, eu fui o primeiro beijo de Angeline, ambos fomos o primeiro amor, a primeira paixão e a primeira transa um do outro. Ficamos juntos por todo o ensino médio e encerramos o duradouro relacionamento quando eu decidi que faria faculdade na América do Norte e ela continuaria na Europa. Angeline adora a França e não foi capaz de se controlar ao ter a oportunidade de morar no país durante a graduação. Eu não queria que ela se controlasse, sempre quis que perseguisse seus sonhos até o fim, assim como eu fiz, e, acima de tudo, sempre desejei que fosse feliz. Não sei o que a trouxe de volta à Inglaterra, não a vejo desde que fui para os Estados Unidos. E agora parece que nos reencontraremos na aquisição do lugar que eu, em breve, chamarei de lar. Eu não quero continuar morando com os meus pais, por isso, assim que pude busquei por um apartamento para comprar, contudo, deparei-me com um prédio todo a venda, a um preço que eu nunca mais acharia no mercado e que, felizmente, eu posso arcar. Não me parece um mal negócio ter um investimento em meu próprio nome, afinal, além de ter uma casa terei uma bela renda extra com os outros apartamentos e os espaços para comércios.

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