Casamento. Uma simples palavra, para uns assustadora, para outros reconfortante, o sonho de muitos, o pesadelo de outros. No dicionário, significa a união voluntária entre duas pessoas que desejam constituir uma família, formando um vínculo conjugal que está baseado nas condições dispostas pelo direito civil. No cristianismo, o casamento é entendido como a união de um homem e uma mulher sob a presença de Deus. Neste âmbito, a Igreja não permite a dissolução do casamento — com exceção de casos extremamente raros —, como o casamento civil que pode ser dissolvido a partir do divórcio. Inclusive, esse último fato, foi um dos motivos que levou o rei absolutista da Inglaterra, Henrique VIII, a romper com a Igreja Católica e fundar a Igreja Anglicana. Eu sabia de todas essas informações muito antes de todas as meninas da minha idade, tinha certeza. Minha família sempre fez questão que eu soubesse de todos os valores e da importância desse assunto. Afinal, segundo a minha mãe, eu nasci uma menina para, na idade certa, constituir e lutar pela minha própria família. Porém, o que mais precisavam me ensinar ninguém — nunca — foi capaz de fazê-lo, eu precisei, infelizmente, sentir na pele, no coração, na alma e aprender com minhas próprias experiências.
Relacionamento. Outra palavra que eu deveria ter prestado mais atenção na última vez que consultei um dicionário. Essa palavra quer dizer a ligação afetiva, profissional ou de amizade entre pessoas que se conectam com os mesmos objetivos e interesses. Voltando a atenção para o relacionamento afetivo, são as relações que se desenvolvem e se mantêm não por obrigação, mas, sim, porque existe afeto, cumplicidade e afinidade emocional e intelectual entre as pessoas envolvidas. Um bom relacionamento evolui quando há confiança, respeito e harmonia entre os envolvidos.
Bom, certamente eu deveria ter prestado mais atenção no significado literal de ambas as palavras, em tudo o que elas envolvem e não apenas no que as pessoas do meu convívio diziam sobre elas, para além do senso comum. Se eu tivesse feito isso, talvez, eu não tivesse sofrido tanto, talvez eu tivesse sido poupada de muita coisa.
Voltar para casa depois de quase quinze anos fora despertou certa ansiedade em mim. Terminei todos os estudos que queria nos Estados Unidos no ano passado e agora eu estou voltando para assumir a parte que me cabe na empresa da família. Mesmo aos vinte e nove anos, minha mãe exigiu que eu ficasse em sua casa, alegando que estava com saudade do seu caçula. Confesso que também senti muito a falta dos meus pais, de tê-los comigo nos melhores e piores momentos, de ter seu apoio. Por isso, concordei em ficar com eles por algum tempo até que eu encontrasse um apartamento e tivesse meu próprio lugar para chamar de casa.
Eu havia chegado na Inglaterra ontem, porém, meu trabalho na empresa começa hoje mesmo. Preciso ficar por dentro de tudo o que for necessário. Meu pai não abandonará o cargo do dia para noite, nós ainda iremos trabalhar em conjunto — ele diretamente na diretoria e eu no comando do escritório de advogados — por algum tempo e eu usarei esse período para me adequar a tudo o que preciso com sua ajuda. A empresa, inicialmente, trabalhava com investimentos, eles compravam empresas a beira da falência e a incorporavam em seus negócios, administrando-os com sucesso. Esse trabalho ainda continua, porém, não ficamos apenas nisso. Ela foi fundada por meu pai e mais quatro homens, eles eram todos amigos de faculdade, moraram juntos durante o curso e tiveram a brilhante ideia de começar seu próprio negócio do zero quando se formaram. Meu pai sempre se orgulha de contar a história de como eles começaram com nada de dinheiro e, atualmente, nosso nome está na boca do ramo empresarial do mundo todo e que todos eles são bem-sucedidos. Com isso, os negócios foram se expandindo, eles compraram um prédio no centro comercial da capital inglesa, onde funciona a empresa de investimentos — a inicial —, o escritório de advocacia — que vou assumir, pois foi um pedido meu, assim que entrei na faculdade, já que eu queria ter liberdade para escolher o ramo em que trabalharia, porém, aconteceu que eu segui o mesmo que o meu pai —, a empresa de contabilidade, marketing e também a de publicidade. Essas empresas cuidam dos interesses uma das outras e funcionamos como uma grande corporação. Os filhos estão, lentamente, ganhando espaço dentro da corporação, foi assim que surgiram tantas empresas adjacentes, e é muito interessante assistir como ela se moderniza ao ter pessoas diferentes em vários aspectos contribuindo para sua evolução. Desde que me formei, meu pai faz questão de me informar muitas coisas sobre a empresa, principalmente o escritório de advocacia que sempre foi o meu interesse, desde muito novo eu sabia que queria trabalhar com eles. Meus pais sempre deixaram claro que eu e minha irmã poderíamos seguir o caminho que quiséssemos após concluir nossos estudos, assim como os outros sócios, por isso, hoje há tantas empresas diferentes funcionando no prédio, outros interesses foram surgindo e as atividades de expandiram. Eu optei por fazer minha carreira fora dos alcances deles para que pudesse provar que conquistaria tudo o que quisesse com o meu próprio esforço, embora eu sabia que assumiria o lugar do meu pai por ser seu filho, queria ser capacitado para tal cargo e não apenas porquê sou favorecido pelas empresas e contatos da minha família, porque é exatamente isso que todos somos, família. Tive minhas experiências nos Estados Unidos e agora me sentia mais preparado para assumir um grupo de advogados, onde, provavelmente, haveria um ou outro contra a decisão de um cara de fora, filho do dono, assumir a sociedade, enquanto eles estavam ali o tempo todo, acompanhando cada passo.
— Eu vou precisar de uma secretária. — falei ao meu pai enquanto estávamos a caminho do trabalho.
— Eu sei e tomei a liberdade de procurar por alguém que tenho muita confiança e é extremamente competente.
— Tudo bem.
— Não se preocupe, se não for do seu agrado podemos procurar outra pessoa. É apenas uma sugestão.
— Podemos fazer um período de experiência e depois efetivar, se for o melhor. — ele concordou com um gesto de cabeça.
Eu ainda não sei o que a Inglaterra de catorze anos depois reserva para mim, mas tenho plena certeza de que vou encarar qualquer desafio com a mesma determinação de sempre. Estou realizado e extremamente feliz por estar de volta ao meu país de origem.
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Gente, projetinho novo que eu venho trabalhando há algum tempo. Digam-me o que vocês acham.
Espero que tenham gostado!
All The Love <3 <3 <3
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Rescuing Life |H.S|
FanficQuanto um relacionamento pode tirar de você? Quanto vale a pena se doar pelo outro? Quanto vale a saúde física e mental? Sabemos quando é hora de parar? Somos capazes de fazer parar? Sarah não se questionou antes e, agora, não acredita que seja ca...