Quanto um relacionamento pode tirar de você? Quanto vale a pena se doar pelo outro? Quanto vale a saúde física e mental?
Sabemos quando é hora de parar? Somos capazes de fazer parar?
Sarah não se questionou antes e, agora, não acredita que seja ca...
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O dia que tive com Sarah foi o melhor desde a morte de Angeline. Eu não me sentia bem há muito tempo. Ela traz o melhor de mim a tona, não permite que eu fique atordoado em meus pensamentos.
Nos primeiros dias após a confirmação da morte de Angel, eu pensei que aquilo era o fim para mim. Eu não queria e não conseguia ver mais sentido em viver, em tentar de novo. Para mim, não existiria vida sem a minha esposa. A primeira vez que meu coração palpitou depois de tudo, foi quando Sarah me beijou e eu passei a olhá-la com outros olhos, com olhos de homem e não de um simples amigo.
Eu queria fazer funcionar com ela e estava dando tudo de mim para isso. Somos duas pessoas machucadas, com o coração cansado de sofrer, de sucumbir aos obstáculos da vida, e certamente falharíamos em algum momento, mas, com dedicação e paciência, faríamos nosso caminho de volta. Tenho certeza.
Sarah está respirando suavemente ao meu lado. Caiu no sono quando comecei a subir e descer a mão por suas costas, enquanto conversávamos. Observei um pouco do seu quarto, pelo menos o que a pouca iluminação me permitia. A cama fica no meio do cômodo, encostada a parede pela cabeceira, há um closet simples a minha direita, do lado que Sarah ocupou da cama, e do lado esquerdo, o que estou ocupando, há uma cômoda, abaixo da janela e um espelho ao lado. Aos pés da cama, tem um baú, onde ela deixou as almofadas que decoram sua cama de edredom listrado em preto e branco. Em frente a cama, está uma mesa simples, de madeira, branca como a cama e seu computador está sobre ela, assim como alguns livros empilhados, agenda e canetas. Pude notar um porta-retrato com uma foto dela e do filho em cima da mesa também. Tudo é de muito bom gosto, embora seja pequeno.
Fico imaginando como foi para ela entreter Gabriel por seis anos em tão pouco espaço. Como fazia para estudar, trabalhar e cuidar da casa e do filho em apenas vinte e quatro horas? É realmente uma mulher guerreira e admirável.
Em ambos os lados da cama, ainda há mesa de cabeceira, com uma gaveta cada um. Sobre elas tem um despertador, do lado esquerdo, e do lado direito uma Bíblia, junto de um terço. Reparei que ela vem para cama também com um copo de água e esse está do seu lado da cama com o celular.
Para falar a verdade, achei que a culpa por estar aqui, deitado ao lado de Sarah, me atingiria em algum momento. É um dos motivos que não me deixou dormir ainda, estou esperando que esse sentimento me atinja. No entanto, ele não vem, mesmo depois de horas esperando.
— O que isso significa, Angel? — sussurro e fecho os olhos, após soltar um suspiro.
— Tudo bem? — sinto a mão de Sarah sobre o meu peito.
— Tudo certo. Volte a dormir, ainda é madrugada.
Ela se aproxima de mim e entrelaça nossas pernas. Passo o braço ao seu redor e tento relaxar. Quando estou, finalmente, conseguindo pegar no sono, ouço o vibrar de um celular. Viro-me para conferir o meu e vejo que está apagado, olhando para o outro lado a tela do telefone de Sarah está brilhando.
