Aquela noite me deixou nervoso. Há muito tempo eu não perdia a linha e saia no soco com alguém, mas Ethan conseguiu. Como pode existir um ser humano tão desprezível? Ele não aprendeu absolutamente nada no tempo em que esteve preso? Não sou uma pessoa violenta, no entanto, não é como se eu pudesse ficar parado, enquanto ele agredia Sarah verbalmente. No segundo em que tomei consciência do meu corpo novamente, eu já estava sobre ele, com minhas mãos em punhos fechados, desferindo contra o seu rosto. Tenho certeza que quebrei seu nariz, eu pude sentir e a quantidade de sangue levou a essa dedução, não me orgulho, porém, de maneira nenhuma, me arrependo. Se ele não refletiu durante o tempo em que esteve recluso, talvez, refletisse agora com algumas pancadas, já que, aparentemente, é o que ele gosta. Pelo menos, eu o fiz sentir um pouco do que ele fez a Sarah anos atrás. A cada vez que eu erguia o braço para acertá-lo, eu me lembrava da imagem fixa em minha mente das vezes em que a vi com hematomas ou com o medo transpassando seus lindos olhos ou, ainda, do dia em que me ligou desesperada e, finalmente, colocou um ponto final em tudo aquilo, não sem antes estar muito machucada.
Enfim, o ocorrido ficou para trás. Já havia algumas semanas e Sarah finalmente conseguiu parar de pensar e se desculpar por tudo. Eu a mantive sob vigilância o tempo todo, tive receio de que aquele covarde a procurasse e ela estivesse sozinha. Combinamos que Gabriel nunca saberia, sequer desconfiaria daquilo e tentamos deixar tudo de lado.
Semanas depois, eu a convenci de passar um final de semana todo na minha casa. Busquei ela, Gabriel e Lassie na sexta após o expediente e os trouxe para o meu apartamento. Era bom ter um pouco de vida naquele lugar de novo.
— Posso jogar na sua sala de jogos? — Gabriel pergunta após o jantar.
— Claro que pode.
— Escove os dentes primeiro, filho. — Sarah pede, enquanto lava as louças.
— Tudo bem.
Eu guardo tudo o que usamos e depois as louças limpas. Despejo um pouco mais do vinho tinto na taça de Sarah e pego uma cerveja para mim, encontrando-a na sala de televisão. Sento-me ao seu lado e entrego sua bebida.
— Eu amo momentos assim com você. — diz e sorri, beijando meu rosto para depois encostar o rosto no meu ombro.
— Eu também. — beijo sua testa e passo um braço ao seu redor.
Percebi, desde a noite da boate, que Sarah vem usando a palavra amor com frequência. Isso não me incomoda, a finalidade é fazê-la se sentir confortável comigo e gostar do que construímos juntos. No entanto, não tenho certeza se estou pronto para admitir para mim mesmo que posso amar outra mulher. Talvez seja um pouco cedo. Talvez eu nunca seja capaz de repetí-las a outro alguém. Talvez eu já seja capaz. Não sei. É incerto e eu só quero entregá-las a Sarah — ou a qualquer outra pessoa, se for o caso — quando tiver cem por cento de certeza e segurança no que estou dizendo e sentindo. Nada da boca para fora, para agradar alguém.
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Rescuing Life |H.S|
ФанфикQuanto um relacionamento pode tirar de você? Quanto vale a pena se doar pelo outro? Quanto vale a saúde física e mental? Sabemos quando é hora de parar? Somos capazes de fazer parar? Sarah não se questionou antes e, agora, não acredita que seja ca...