Quanto um relacionamento pode tirar de você? Quanto vale a pena se doar pelo outro? Quanto vale a saúde física e mental?
Sabemos quando é hora de parar? Somos capazes de fazer parar?
Sarah não se questionou antes e, agora, não acredita que seja ca...
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— Mamãe, será que eu posso ter um trem como o do meu amigo? — Gabriel, meu pequeno menino de cinco anos pergunta com os olhos brilhantes.
Ele veio todo o caminho da escola até em casa dizendo o quanto foi legal brincar com seu amigo e a estação de trem que eles montaram, estava encantado com o brinquedo. O garotinho tinha levado o trem, pois era o dia de levar o brinquedo favorito para a escola e dividi-lo com os colegas. Gabriel levou seu transformers, que realmente era o que ele mais brincava desde que o ganhou da minha irmã em seu último aniversário.
— Vou conversar com o seu pai, tudo bem? — acaricio seus cabelos castanhos.
— Promete?
— Claro.
Eu abro a porta de casa e ele passa correndo para as escadas.
— Devagar. — grito, abaixando-me para pegar um cartão que estava debaixo da porta.
"Se puder, por favor, me ligue.
Des Styles."
Relembro o nome do dono de uma das maiores empresas de investimentos da Inglaterra. Ele me deu um bom estágio remunerado quando estava no segundo semestre de faculdade, disse que eu poderia observar e que me levaria para reuniões importantes com advogados renomados do meio empresarial. Soube que, pouco depois que sai do estágio, ele abriu um escritório de advocacia e conciliava com os seus outros trabalhos. Por mais que seja um homem muito importante, ele é uma das pessoas mais simpáticas e atenciosas que já conheci. Eu o conheci numa palestra que ele deu na universidade, ele é advogado e nos deu ótimas dicas sobre o ramo em que ele atua, me aproximei para fazer algumas perguntas e acabamos conversando por horas. Ele não entendeu quando larguei tudo para me casar, mas também não me julgou pela decisão que tomei. O que ele poderia querer comigo? Seu número de telefone estava escrito na frente do cartão e suspirei antes de guardá-lo no bolso de trás da calça jeans.
Meu telefone toca em algum lugar longe de mim e eu saio a sua procura para ver o nome da minha irmã mais velha, Grace, piscando na tela.
— Oi, Grace. — atendo, colocando um sorriso no rosto.
— Ei, Sarah, como você está? Sinto sua falta aqui.
Nós fomos criadas em Rye, uma pequena cidade — onde, naturalmente, todos se conhecem — e fica a cerca de duas horas de carro de Londres. Ela já foi importante em algum momento da nossa história, por ficar em torno de dois quilômetros do litoral, configurando uma importante rota comercial. Minha irmã é professora, porém, infelizmente, ainda não estava empregada e morava com nossos pais, ajudando na igreja e na loja de ferramentas da família. Grace tinha pouco mais de um ano quando eu nasci e nós sempre nos demos bem, sendo amigas e quase a única companhia uma da outra. Eu deixei a cidade assim que me casei com Ethan, pois ele recebeu uma proposta de trabalho irrecusável na capital e, embora fosse perto, ele não queria se desgastar no trajeto.
