Capítulo 3

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Naquela noite, foi a primeira de muitas que Ethan chegou sóbrio em casa, por isso, eu encarei aquilo como um sinal de que eu deveria aproveitar a oportunidade e falar sobre o emprego que eu queria aceitar

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Naquela noite, foi a primeira de muitas que Ethan chegou sóbrio em casa, por isso, eu encarei aquilo como um sinal de que eu deveria aproveitar a oportunidade e falar sobre o emprego que eu queria aceitar. Algo na minha mente insistia em dizer que eu tinha apenas que avisa-lo sobre a minha decisão e não consultá-lo e acatar qualquer que seja a sua opinião sobre o assunto. Porém, as coisas têm sido desse jeito há um tempo na minha vida e não vejo outra forma de conseguir o que quero sem ser assim, é quase como se fosse errado eu não o fazer. O jantar já estava servido como sempre, nós sentamos e iniciamos a refeição.

— Como foi o dia na escola, querido? — perguntei a Gabriel que estava comendo calado.

Ele olhou para o pai, depois para mim e, novamente, para o pai antes de começar a contar, em um tom de voz mais baixo que o normal, como havia sido seu dia. Eu sempre incentivei meu filho a nos contar tudo o que acontecia, eu presava pela comunicação com ele, pois eu queria estar por dentro de cada passo da sua vida, de cada obstáculo que teria que enfrentar no seu caminho, queria que ele confiasse em mim e no seu pai para conversar sobre qualquer coisa em qualquer momento da sua vida. Ver o medo, a insegurança e a incerteza estampados em seus olhinhos, mesmo que por um breve momento quando fiz a pergunta a ele, deixou-me com a sensação de que eu estou falhando com ele, falhando como mãe. Não quero que seja assim. Quero o meu filho cheio de vida e liberdade como eu nunca fui, como nunca experimentei viver.

Assim que todos terminamos de comer, Gabriel deixou a mesa para brincar mais um pouco em seu quarto. Eu retirei a mesa e coloquei as louças na lava-louças antes de respirar fundo e caminhar para perto do meu marido que continuava sentado à mesa de cabeça baixa. Ele tinha desabotoado os primeiros botões da camisa e tinha uma expressão cansada no rosto, enquanto rodava um copo com água nas mãos.

— Podemos conversar? — perguntei baixo, observando-o atentamente.

— Não me venha com mais problemas, por favor, estou cheio deles. — respondeu, passando as mãos por seus fios pretos e pousando o copo sobre a mesa após beber boa parte do seu conteúdo. — A empresa não está rendendo, eu estou cheio de contas e, definitivamente, não preciso de você também enchendo a minha cabeça.

Uma das coisas que me fez apaixonar por Ethan nas primeiras vezes que nos vimos, foi o brilho que ele carregava nos olhos castanhos — que, por sinal, agora pertenciam ao nosso filho. Meu marido tem uma beleza única — ele é um pouco mais alto que eu e um corpo magro na medida certa — eu sempre soube disso, sempre o admirei a distância, mas também fiquei encantada em encontrar um homem que agradasse a mim e aos meus pais ao mesmo tempo. Era isso que ele representava, um sonho. Um homem bonito, gentil — até então —, inteligente e religioso. Tudo o que meus pais falavam para mim desde pequena, o homem que eu deveria buscar, tudo que eles queriam e, automaticamente, seria o que me faria feliz e o que eu queria também, devido a sua influência. Eu precisava ter ao meu lado alguém que acreditasse em Deus tanto quanto nós, que conduziria a mim e aos nossos filhos pelo caminho do bem, dos justos. Tudo bem, nada de errado até aqui. O carinho que eles sempre tiveram com Ethan parecia até mesmo maior do que comigo, às vezes, penso que ele personificou o filho homem que eles nunca conseguiram ter. A aceitação deles sempre me deixou feliz. O encanto por ele se resumir a tudo que eu cresci idealizando me fez apaixonar rápida e cegamente. Nosso relacionamento aconteceu muito rápido, nos conhecemos na biblioteca — ele estava um pouco atordoado pela quantidade de coisas que havia para fazer antes de se formar e eu ainda me adaptando a vida de universitária —, em um mês eu o levei para casa e, após três meses, eu conheci sua família na formatura, nosso namoro era estagnado, ele não queria avançar e eu sempre ouvi que precisava me resguardar para o meu marido e, então, quando ele conseguiu o primeiro emprego, decidimos que não ficaríamos mais naquela situação. Ethan me propôs casamento, eu aceitei e, seis meses depois, eu estava casada e tinha largado tudo o que ele me pediu.

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