Capítulo 23

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— Bom dia

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— Bom dia. — Gabe aparece na cozinha, coçando os olhos e eu me levanto para servir uma caneca de café e preparar seus ovos mexidos com torrada.

— Bom dia, filho. — beijo sua cabeça. — Dormiu bem?

— Mais ou menos. — suspira.

— Por que?

— Acordei pela madrugada, assustado com um pesadelo. — responde.

— Por que não me chamou? Você conseguiu dormir de novo? — viro-me a tempo de vê-lo balançar a cabeça para cima e para baixo. — Sobre o que foi o seu pesadelo?

— Sobre um homem invadindo nossa casa e você gritando assustada. Eu queria correr até você, defendê-la, mas não conseguia mover o meu corpo, como se eu estivesse preso a algo.

Um arrepio percorre a minha coluna, lembrando-me que Ethan não está mais preso e que nossa história ficou muito mal resolvida, para ele. Eu coloquei um fim no nosso relacionamento e fiquei com o meu filho, foi um ponto final e um recomeço na minha vida. Para mim, tudo estava resolvido. No entanto, nós nunca conversamos cara a cara, apenas através dos nossos advogados, desde o dia em que ele foi preso. Eu pedi para não vê-lo e nunca fui visitá-lo, nem Gabriel. Não queria o meu filho entrando em um presídio nem de brincadeira. Tenho medo até hoje que ele resolva nos procurar, mas, desde que reconquistou sua liberdade há três anos e oito meses, não tivemos notícia dele. Sua mãe ainda nos visita uma vez ao mês e diz uma coisa ou outra, porém, nunca perguntei nada e acho que ela não força, porque sabe que não quero qualquer interação com ele. Sempre deixei claro ao meu filho que, se um dia ele desejar ver o pai, nós conversaremos sobre isso e tentaremos contato com ele, contudo, a ocasião nunca chegou.

— Que bom que foi só um pesadelo. — sorrio, colocando seu prato a sua frente.

— Você não teve contato com o meu pai, né? — observa-me.

— Não. — franzo as sobrancelhas. — Por quê?

Ele fica em silêncio, com os olhos no prato, revirando o conteúdo com o garfo.

— Querido, fique tranquilo. — pego sua mão e ganho sua atenção. — Seu pai nunca mais vai se aproximar de nós, não se você não quiser, e ele nunca mais vai fazer o que fez, não conosco. Tudo bem?

— Tudo bem.

Assisto-o devorar seu café da manhã e levanto-me quando termina. Ele coloca tudo na lava-louças e eu volto para o quarto, terminando de me arrumar para o trabalho. Estou usando uma calça de alfaiataria cinza, uma blusa preta de mangas longas e tênis branco. Aprendi a substituir o salto por sapatos confortáveis quando tinha que ficar correndo de um lado para o outro, para a faculdade, para o trabalho, para escola do Gabe e para casa. Em uma dessas ocasiões, tropecei, quebrei o salto de um scarpin e tive que comprar um sapato novo no meio do dia, pois estava longe de casa. Não é que eu nunca use sapatos altos, mas há dias que eu estou cansada e quero apenas ficar confortável para ser produtiva no trabalho. Disfarço as olheiras sob meus olhos e coloco um pouco de batom neutro para dar cor ao rosto, abotoo meus brincos e a gargantilha que Gabriel e Grace me deram de aniversário. Confiro minha bolsa, a bateria do celular e saio do quarto carregando uma pasta de trabalho que trouxa para casa e o meu blazer.

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