28. Paige

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Eu odeio ter insônia.

Era de se esperar que após um dia como aquele, todos caíssemos em um longo e profundo sono que duraria, no mínimo, uma semana. Contudo, enquanto todos os meus amigos estavam desmaiados pela casa, eu me encontrava mais energética e desperta que uma cafeteira.

Virei de um lado para o outro, rolando no sofá, mas nenhuma posição parecia confortável o bastante para desligar a máquina que é o cérebro de Paige Cloud. Por fim, com receio de acabar acordando alguém com a movimentação das molas, decidi ir até a cozinha e mascarar meu tédio com comida. Caminhei cuidadosamente até lá, abri uma caixa de papelão, e peguei uma fatia de pizza fria.

Algumas horas antes, um entregador tocou a nossa campainha e disse ter uma encomenda para aquele endereço em nome de Monica Hayes. A mãe de Grey tinha, simplesmente, nos enviado dez caixas de pizza sem qualquer aviso.

Melhor mãe de todas!

E por falar em Grey...

Sadie e ele passaram muito tempo sozinhos no quarto "conversando". Quando retornaram à sala, tentaram esconder o que realmente tinha acontecido nos últimos minutos, mas eu só precisei olhar em seus rostos antes de perguntar:

— Vocês se beijaram, não foi?

Eu sei. A intuição de detetive Cloud nunca falha!

E quando ambos tentaram inventar uma desculpa sem muita segurança, todos da sala começaram a comemorar o tão esperado beijo. Parecia que estávamos festejando um gol em época de Copa! Sadie precisou nos lembrar – entre risos – que já era de madrugada e acabaríamos levando uma multa por barulho.

Mas o que posso fazer? Sou fã do amor.

De qualquer forma, levei a pizza de pepperoni aos lábios enquanto apreciava a bagunça que um dia foi a sala. Meus olhos percorreram nosso acampamento improvisado e foi quando me dei conta de que Éric não estava ali. Saí da cozinha a passos leves e olhei em volta, procurando-o.

Ele saiu no meio da noite? Foi embora sem se despedir?, me perguntei.

Peguei o celular do bolso e digitei uma mensagem.

Paige: Onde você está?

Não demorou nem um minuto para ser respondida.

Éric: Na lavanderia.

Resposta tão rápida só podia significar uma coisa: ele estava mais acordado que eu. Talvez tivesse tido insônia também, mas algo me dizia que aquilo tinha a ver com Danielle.

A lavanderia ficava atrás da cozinha, em um corredor estreito e escuro cheirando a amaciante de roupas. Éric estava sentado ao lado da máquina de lavar. Sua única companhia era uma lata de refrigerante.

— Oi – falei, me aproximando.

— Oi.

Me sentei do outro lado da máquina. Por alguns instantes, o único barulho foi o de nossas respirações.

— Pizza? – Ofereci a fatia parcialmente comida em minha mão.

— Er, não. Obrigado.

Novamente o silêncio. Não sabia bem o que esperava e nem porque decidi ir até ali. Talvez Éric quisesse ficar sozinho e minha presença estivesse apenas atrapalhando – o que fazia de mim uma grande tonta insensível.

Decepção de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora