15. Grey

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Assim que retornarmos para a mesa, recebi um olhar raivoso por parte de Payt. O rosto permanecia neutro enquanto seus olhos transbordavam ciúme e incredulidade, como se acreditasse mesmo que eu tinha roubado sua namorada. Quase pude ver as engrenagens de seu cérebro funcionando, calculando mil e uma formas de como torturar Greyson Hayes com um supino.

Payt se levantou para abordar Sadie, que avisou:

— Pode se sentar. Tenho compromissos para depois daqui, então isso vai ser rápido.

Obedeceu a contragosto. O garoto paz e amor havia sumido e eu não sabia se aquilo era uma coisa boa ou ruim. A van que estávamos usando era dele, então se Jake tinha ido embora sem perguntas ou acusações, era bem provável que não tivéssemos mais um meio de transporte.

Mary organizava a fatia de pizza, o garfo e o copo de refrigerante de uma forma "bonitinha", só para poder postar no Tapchat. Hilda desenhava em seu bloco de notas enquanto Payt, emburrado, agia como uma criança que foi posta de castigo, obrigada a sentar no banquinho da vergonha ou coisa parecida. Seus olhos pretos passavam de mim para Sadie, desconfiados.

— Pensei que não iam terminar nunca a tal conversa. – Seu tom de voz chegava a ser acusatório.

— Pois é. Amigos demoram para terminar um assunto – respondi, louco para cortar a marra de Payt.

Contrariado, o fisiculturista olhou para Sadie.

— São amigos agora?

— Por que acha isso tão estranho? – A garota deu de ombros. – Éramos melhores amigos quando crianças, não lembra?

— Okay. Mas isso foi a muito tempo!

Mary terminou de postar o Snapchat e só então decidiu fazer parte da conversa:

— Parem de conversa fiada e vamos direto ao ponto! O que decidiu, Sadie?

"Precisamos de uma resposta!" escreveu Hilda, em uma página diferente da que tinha desenhado.

Sadie juntou as palmas das mãos como em uma oração.

— Primeiramente, queria agradecer por todos os momentos que vivemos juntos. Essa banda me ajudou em uma das piores fases da minha vida e serei eternamente grata pela experiência.

Todos a encararam com expectativa.

— Contudo, mantenho a minha decisão intacta. É muito importante para mim, e para a minha família, a oportunidade de fazer o ensino superior. Meus irmãos não foram para a faculdade, sobretudo por escolha deles, mas esse é o meu maior sonho. Mais até do que a música. Não posso abrir mão.

Não era a resposta que os integrantes da banda esperavam. Todavia, Hilda e Mary pareciam mais dispostas a se conformar com como as coisas haviam sido decididas. Já Payt, ainda não tinha desistido.

— Você tomou sua decisão em relação a banda – observou o rapaz musculoso –, mas e quanto a nós?

Sadie olhou para os lados, confusa.

— O que tem nós?

— Não faz isso, Sadie – insistiu o garoto.

— Não fazer o quê?

— Fingir que nossa história já era! Nós dois sabemos que ainda rola alguma coisa entre a gente!

Em que momento da vida imaginei ver Payt Crain rastejando e implorando pelo amor de Sadie? Confesso que não consegui achar isso romântico, e sim repugnante.

Decepção de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora