O refeitório da Hoer Company tinha se tornado o meu novo restaurante favorito. Além de ter uma variedade generosa de sobremesas, elas iam desde simples cookies amanteigados até foundues de chocolate para mergulhar morangos frescos. Sabia que estávamos em uma missão, mas simplesmente não consegui ignorar a torta de Oreo que parecia chamar meu nome.
Eu, Sadie e Dominic ocupávamos uma mesa no centro da refeitório. Não havia ninguém além de nós e os trabalhadores entediados da cantina, de forma que tínhamos conseguido toda a privacidade desejada para ler a nova mensagem de Danielle.
A carta se encontrava aberta sobre a mesa enquanto Sadie a lia em voz alta. À medida que a leitura ia acontecendo, o garoto rico balançava a cabeça em concordância, como se confirmasse a veracidade dos fatos (inclusive, Dominic deixou escapar uma risada quando Sadie leu a queda de Danielle na biblioteca).
Quando a leitura chegou na parte da reunião no restaurante, um silêncio de perplexidade tomou nossa mesa. Dominic olhou de Sadie para mim, com os olhos gritando uma dúvida:
— Você também ouviu isso?
Eu pisquei várias vezes, tentando assimilar a nova verdade que Danielle nos oferecia.
Depois de Tylor, eu estava esperando que todas as outras cartas trouxessem revelações ruins. Quando descobri que minha namorada havia humilhado a colega de equipe só para alcançar a posição de líder, foi como se tivessem me acertado um balde de gelo. Quem era a pessoa com quem compartilhei minha vida?
Foi essa droga de dúvida que trouxe à tona todas as lembranças do passado, e, consequentemente, meus medos.
Mas Danielle ajudou Dominic.
A garota da segunda carta – uma menina que tenta fazer os outros se sentirem bem, independente se isso significa brigar com outra pessoa – é a Danielle com quem namorei. Naquele momento, eu a reconheci.
Sadie terminou a última frase da carta e Dominic balançou negativamente a cabeça.
— Não acredito que ela fez isso por mim.
Como sempre, seu rosto estava inabalável, mas eu imaginava que a mente era um turbilhão àquela altura. Dominic era bom em esconder os próprios sentimentos.
— Danielle nunca foi próxima de Jane – lembrou Sadie. – Elas discutirem não é algo que me surpreende.
— Mas nós não nos conhecíamos. Ficamos juntos por uma manhã, e porque estávamos de detenção. Não consigo entender por que ela sacrificaria uma relação familiar só para me ajudar – argumentou Dominic, cético.
Comi o último pedaço de torta antes de falar:
— Porque ela era assim. Danielle era o tipo de pessoa que queria ajudar as outras, sem se importar com as consequências. Ela ficava feliz pelos outros, e triste também. Se Dani abraçasse seus problemas, pode ter certeza de que ela lutaria por aquilo. Mais até do que você mesmo.
Eu tinha tirado o crachá de visitante do peito, e agora Sadie o batia na mesa de forma rítmica, como quem segue a batida de uma música.
— Danielle sempre foi mais emoção que razão. Ela nunca me contou sobre isso – apontou para a carta. – Mas consigo imaginar a cena perfeitamente.
Dominic encostou os dedos nos lábios, como se estivesse lidando com todos os pensamentos que durante muito tempo buscou evitar. Imaginei que um deles era a lembrança da conversa que tivera com o pai mais cedo: Jonathan Hoer queria se separar da esposa e ficar com outra pessoa.
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Decepção de verão
RomanceGreyson Hayes tinha tudo planejado: se formar no colégio, entrar para a faculdade, e pagar um aluguel razoavelmente barato no apartamento que dividiria com sua namorada. Porém, um câncer entrou no meio de seus planos. Um ano após a morte de Danielle...