49. Miguel

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Honestamente, não entendi por que Dominic ficou tão surpreso ao nos ver. Certo, todos tinham decidido dormir em seu chalé sem avisar nada, mas levando em conta que ele saiu do quarto acompanhado de uma das irmãs Atama, não tinha o direito de fazer perguntas, apenas responder.

Mia, também pega de surpresa, parecia constrangida de ter sido flagrada daquela forma: por um grupo de hóspedes sentados como uma plateia, embora ninguém tenha demonstrado o quanto aquela situação era chocante.

Sadie – sem sair de sua postura neutra – encheu sua xicara e perguntou com o bule na mão:

— Querem chá?

— Hã, não, obrigada – recusou Mia, sem jeito.

— Não querendo ser chato, mas o que estão fazendo no meu chalé às 8 horas da manhã? – demandou Dominic, ao lado da garota.

Éric, sentado no balcão, empurrou sua xicara para que Sadie o servisse.

— Poderia dizer que foi para te procurar, já que o senhor sumiu no meio da festa – alfinetou, fazendo o rapaz rico olhar para o lado. – Mas na verdade só queríamos saber como era o chalé premium em que você, provavelmente, tinha se hospedado!

— E gostamos tanto que decidimos dormir aqui – declarou Tessa, se ajeitando na poltrona de camurça.

Dominic fez uma careta e se defendeu:

— Não tem quase nenhuma diferença do chalé de vocês!

— Não? – Foi a minha vez de me pronunciar. Caminhei até o frigobar e de lá tirei uma lata de Coca-Cola. – Você tem refrigerante! Sabe o que tem no nosso frigobar? Água.

— Tecnicamente, é uma escolha mais saudável – disse Mia.

— Quem liga para a saúde? – disse Grey no sofá, pondo a mão na testa e gemendo de dor. – Ai! Droga de ressaca.

Mia pôs os óculos no rosto com um sorriso vencedor nos lábios.

— Se servir de consolo, água ajuda a curar a ressaca. E desculpem não poder conversar mais, mas preciso voltar ao meu quarto antes que papai perceba e venha me caçar.

— E mate Dominic por consequência – acrescentei fazendo todos rirem, exceto o próprio Dominic.

Mia deu uma piscadinha, como se dissesse "Este assunto morre aqui" e saiu. O ex herdeiro sentou-se no balcão, ao lado de Sadie, e puxou uma xicara como se solicitando um pouco de chá de camomila.

— Certo, devemos deixar para fazer as perguntas antes ou depois do café da manhã? – perguntou Grey a ele.

— Podem fazer agora – autorizou, bebericando sua bebida fumegante.

Tessa ainda tinha resquícios de maquiagem no rosto.

— Você gosta dela há quanto tempo?

— Com certeza acho Mia uma garota incrível, mas não posso dizer que gosto dela daquele jeito – respondeu Dominic, encostando a xicara no balcão. – Foi um lance de uma noite.

— Marella? – Grey sugeriu aquele nome como uma resposta, como se fosse cheio de significado por si só. Significado que, pelo visto, todos desconhecíamos com exceção dele e de Dominic.

— Falei com ela ontem à noite e acabamos nos desentendendo. Me disse que só ficaria comigo quando eu tivesse certeza dos meus sentimentos.

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