Eu tinha ansiedade diagnosticada, então sabia que em algum momento daquele dia uma crise era bem possível.
Na primeira oportunidade, sentei nos últimos bancos da van com o objetivo de ficar longe de Sadie, certo de que aquela distância poderia ajudar na sensação de angústia que começava a apertar meu peito. Todavia, a inquietude não deu sinal de melhora.
O seu problema não é Sadie, pensei comigo mesmo. Ficar longe dela não vai resolver o que está sentindo.
O problema era Danielle e suas cartas misteriosas. Para a minha imaginação, a garota da primeira mensagem não tinha o rosto de Danielle, já que suas atitudes não condiziam em nada com as da menina que conheci. Chegavam a parecer serem de outra pessoa, outra garota. Poderia ser esse o caso?
Mas era o nome dela no final da carta, lembrei mais uma vez.
Merda. Precisava me distrair.
Dominic estava na outra ponta do banco, encarando a paisagem de sua janela e usando fones sem fio, alheio ao resto do mundo. Eu não sabia que tipo de música o herdeiro gostava, mas só precisava ocupar minha mente independente do estilo musical. Precisava me prender em outro mundo, assim como ele estava fazendo.
— Ei – Toquei no seu braço, e a primeira sensação que tive foi a de estar ultrapassando um limite –, o que está ouvindo?
— Música.
— Não sei se isso foi uma resposta objetiva ou ironia.
— A primeira opção – suspirou, tocando em um dos fones. – É a minha forma de acalmar os pensamentos.
— Também está estressado? – perguntei, grato por me identificar com alguém. Era bom saber que não era o único com os nervos à flor da pele.
— Quase impossível não estar.
— Posso escutar com você?
Dominic me ofereceu o fone esquerdo, e admito que fiquei surpreso quando meus ouvidos não foram preenchidos por música clássica. O garoto mais rico da Califórnia estava ouvindo Post Malone.
— Não sabia que gostava de rap – comentei.
Dominic deu um sorriso fraco.
— Você sabia alguma coisa sobre mim até hoje?
— Só que é podre de rico.
— Clássico – falou, nem um pouco aborrecido. – Mas sim, gosto. Aprendi a gostar com meu amigo Mark.
Uma cabeça ruiva surgiu sobre o banco à nossa frente.
— Mark Reynolds, ex-capitão do time de lacrosse? Eu já tive um encontro com ele! – revelou Paige.
— Mesmo? Ele nunca me falou nada – comentou Dominic.
— Deve ter ficado com vergonha de contar que uma garota o chamou para sair – replicou a ruiva, dando de ombros.
Aquilo não me surpreendeu, já que Mark e todo o restante do time de lacrosse sempre tiverem fama de conquistadores. Eram blindados por orgulho e uma reputação que, aparentemente, envolvia ser o primeiro a tomar atitude quando estivesse interessado em alguém.
Éric surgiu ao lado de Paige, se juntando a conversa.
— Por que você sairia com um cara que tem vergonha de admitir que uma garota o chamou para sair? – indagou o asiático. Pela sua expressão, deu para ver que considerava caras como Mark babacas.
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Decepção de verão
RomanceGreyson Hayes tinha tudo planejado: se formar no colégio, entrar para a faculdade, e pagar um aluguel razoavelmente barato no apartamento que dividiria com sua namorada. Porém, um câncer entrou no meio de seus planos. Um ano após a morte de Danielle...