Na minha cabeça, eu tinha uma lista de afazeres.
Um: encontrar uma arma.
Dois: fazer com que Kai fosse preso.
Três: comer a maior porção de batatinhas-fritas que encontrasse quando todo aquele pesadelo chegasse ao fim.
Poderia incluir o "Não morrer" como item quatro, mas realmente não precisava de um lembrete. Kai Martins tinha tentado me envenenar e havia ferido Éric. Naquele ponto, qualquer coisa que eu fizesse poderia ser considerado legítima defesa, mas machucá-lo seria uma consequência muito pequena para tudo que tinha feito.
Ainda havia muita coisa a ser dita, e ele com certeza não ia ser preso sem antes responder cada uma de minhas perguntas.
Ao meu lado, o capacete de um cavaleiro medieval se abriu sozinho. Um grunhido soou dali, como uma tentativa de assustar visitantes despreparados. Não deu certo comigo, mas tomei a espada das mãos da armadura.
Primeiro ponto da lista estava resolvido.
Alguns minutos depois e nenhum sinal do irmão sociopata de Danielle. Continuei avançando pelo ambiente, ignorando a maioria dos pequenos sustos que a casa tentava me pregar.
O Gênio era um quadrado de metal com uma vitrine na frente, nos permitindo ver o grande boneco de ventriloquismo que existia em seu interior. A proposta era: aperte um botão e o Gênio te dará um conselho assustador.
Encontrei o Gênio em um dos corredores. Aquele boneco era tão feio que realmente conseguiu me assustar, mas só até lembrar que aquilo era apenas um brinquedo feito para assustar crianças. Abaixei a espada e, por curiosidade, apertei o botão que solicitaria um conselho.
Enquanto esperava, tirei o celular do bolso e digitei uma mensagem para Sadie:
Traga a polícia para a casa assombrada. O stalker está aqui e feriu Éric!
"A mensagem não pôde ser enviada" foi o que apareceu.
Com o tilintar de um sino, um bilhete do tamanho de um cartão de visita foi expelido da máquina. Em seu verso dizia:
Se ainda não viu o que mais te assusta, é só olhar para trás.
Automaticamente, fiz o que me era aconselhado e tive a infeliz constatação de que o Gênio era muito, muito, bom em seus conselhos.
Um pouco atrás de mim, a figura de Kai se erguia tão tenebrosa quanto a de um espírito.
— Você não morre com facilidade, não é? – Ele não parecia tão contrariado assim com o fato de eu ainda estar vivo.
— Já você, mata sem o menor problema – retruquei, erguendo a espada. – Mas o que eu poderia esperar de um cara que afogou a própria irmã.
Na parede atrás de Kai, havia a falsa cabeça empalhada de um cervo. Do ângulo que eu via, os grandes chifres retorcidos pareciam sair diretamente da cabeça dele, e isso lhe deu uma aparência mais assustadora que engraçada.
— Não fale como se me conhecesse, Greyson Hayes.
— Eu conhecia o seu lado normal. Conhecia o garoto que estudou com a gente, que cuidava de Danielle, e que me acolheu. Era esse Kai que conhecia, e não um assassino! – gritei.
— Eu faria de tudo pela minha família – declarou com frieza.
Aquilo soou tão hipócrita que só consegui dar risada.
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Decepção de verão
Roman d'amourGreyson Hayes tinha tudo planejado: se formar no colégio, entrar para a faculdade, e pagar um aluguel razoavelmente barato no apartamento que dividiria com sua namorada. Porém, um câncer entrou no meio de seus planos. Um ano após a morte de Danielle...