Um portal de flores brancas e amarelas era a entrada da festa. Ao atravessá-lo, parei para admirar as palmeiras decoradas, garçons bem-vestidos, sorrisos reluzentes e luzes ofuscantes que nos cercava. Detalhes de uma festa que estava só começando, mas que prometia muito.
Ainda que Hau e sua família tivessem um estilo "natureza e energias", suas comemorações eram as próprias festas grã-finas que cresci frequentando. Gente rica e álcool: minha zona de conforto.
— Parece que quem montou essa playlist é muito fã dos pops da década passada – observou Éric, à minha esquerda.
A voz de Lady Gaga embalava a noite, o que não tirava nem um pouco a elegância do evento.
— Será que eles têm batatinha? – indagou Grey, à minha direita.
Glitter prateado iluminava as laterais do rosto dele. O mesmo glitter que cobria as pálpebras de Éric e que estava de baixo dos meus olhos: um amontado de partículas brilhosas que se acumulavam no centro e ia se dissipando nas laterais.
— Finalmente estou no meu habitat natural – constatei satisfeito. – A festa!
— Levando em conta que não fui para muitas festas no ensino médio, não posso afirmar o mesmo – disse Éric.
— E o que você fazia para se divertir?
— Estudava...
Grey olhou de canto de olho.
— Estudar? Esse era o seu conceito de diversão?
— E o que você fazia? – rebateu Éric.
— Jogava videogame! Bom, depois de treinar e visitar Danielle no hospital – complementou de forma pouco entusiasmada.
Assobiei, perplexo.
— Okay, o ensino médio de vocês foi uma droga. Podemos recompensar isso hoje – prometi, enfiando a mão no bolso da bermuda. – Depois que eu fumar um cigarro.
Abri a cartela e vi que só tinha sobrado mais um. Às vezes, até eu perdia a noção da quantidade de nicotina que ingeria por dia.
Grey pegou o celular e digitou uma mensagem. Imaginei que era para Sadie.
— A quanto tempo você fuma? – perguntou ainda com o aparelho em mãos.
— Se não me engano – pesquei a informação do fundo de minhas lembranças –, desde os catorze anos.
Éric me encarou levemente chocado.
— Você fuma há cinco anos todos os dias? – indagou.
— Não me julgue – falei tirando o isqueiro do outro bolso.
— Cara, seus pulmões devem estar quase virando pó – apostou Grey.
É, aquele vicio já tinha rendido muitas brigas com minha mãe e inúmeras ameaças de me colocar no Narcóticos Anônimos. Não querendo ser maldoso, mas ouvir de uma alcoólatra que você tem problemas de vício não era algo muito convincente.
— Se isso acontecer, pago para trocarem eles por pulmões novos – respondi.
— Por favor, não me digam que a conversa foi para o assunto "tráfico de órgãos" – implorou Éric.
Seu drama era engraçado e me fez rir. Com o cigarro entre o dedo indicador e anelar, disse para eles encontrarem as meninas e então me afastei. Já bastava os meus pulmões estarem ferrados. Os deles não precisavam ficar também.
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Decepção de verão
RomanceGreyson Hayes tinha tudo planejado: se formar no colégio, entrar para a faculdade, e pagar um aluguel razoavelmente barato no apartamento que dividiria com sua namorada. Porém, um câncer entrou no meio de seus planos. Um ano após a morte de Danielle...