Dominic Hoer
Dois anos antes da aventura.
O lado bom de ser rico é poder dar as melhores festas da escola. A minha casa, àquela hora da noite, estava ocupada com dezenas de adolescentes bebendo, fumando ou transando. O clima de festa nos dava a satisfação de esquecer nossas rotinas entediantes, além de fazer com que nos sentíssemos invencíveis – ainda que por algumas horas.
Eu andava pela casa como o dono do mundo: blusa desabotoada, cabelos bagunçados, tinta fosforescente no rosto, copo transbordando álcool na mão, e minha presença sendo solicitada a cada segundo para receber os parabéns.
— Cara, essa festa está irada! Mas como conseguiu que seus pais deixassem ter um rolê aqui? Que eu saiba, sua mãe considera essa mansão um templo sagrado – comparou Mark quando me juntei a ele e alguns caras do time de lacrosse.
Eu ri. Quando Mark estava bêbado, tudo lhe parecia extraordinário.
— Meus pais estão refazendo sua lua de mel ou coisa do tipo, lá na Suíça. Me deixaram tomando conta da casa. – Dei um gole em minha bebida amarga. – De qualquer forma, já deviam saber que não podem confiar em mim, sozinho, durante um fim de semana inteiro.
— Esse é o meu garoto. – Mark encostou nossos copos de plástico em um brinde.
Um garoto do time estava sentado sobre o balcão da cozinha, sem camisa, e riscado com a tinta brilhante que dizia em seu peito "o fodão de West Prince High". Sem dúvida estava chapado, mas não o bastante para me deixar em paz:
— Ei, Dominic! Você sabe que ia se dar muito bem no lacrosse.
— É verdade, irmão. – Mark aproveitou o incentivo. – Se eu ganhasse um dólar por cada vez que recusou minha proposta de entrar para o time, estaria largando os estudos e indo me chapar em Dubai!
— Primeiro, não dá para ir à Dubai com três dólares. Que foi a quantidade de vezes que recusei sua proposta – disse, tentando falar mais alto que a música. – Segundo, eu não curto esportes!
— Pense bem! Como jogador você sempre vai poder ver as animadoras de torcida...
Mark era o capitão do time de lacrosse. Ou seja, na hierarquia escolar, estava no topo. Era afrodescendente, com cabelos raspados, músculos e sorriso fácil: o tipo que sempre chamava a atenção das meninas.
— Inclusive – O garoto chapado se deitou sobre o balcão, sentindo a brisa de qualquer que tenha sido a substância que o deixou daquele jeito –, convidamos as líderes de torcida.
Quase como se fosse marcado, a campainha tocou. Gritei para qualquer pessoa ir atender a porta enquanto me dirigia aos sofás de couro italiano. Assim como eles, qualquer mínimo detalhe dentro daquela casa tinha sido grandiosamente caro. Inclusive a mesa de vidro onde tinha sido montado um narguilé.
— Isso não vai quebrar a mesa, vai? – questionei à garota que o montou e que estava fumando.
— Relaxa. Quer um trago? É com essência de menta.
Sinceramente? Não importava que gosto tinha. Desde o início da pré-adolescência meus pulmões eram viciados em narcóticos. Encostei meus lábios e traguei, assoprando em seguida uma fumaça branca fosca. Me encostei no sofá e aproveitei aquela sensação.
— Dominic?
Abri os olhos e vi uma garota loira. Usava uma jaqueta do time por cima da roupa. Atrás dela, várias outras meninas a olhavam como uma líder. Sua porta-voz.
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Decepção de verão
RomanceGreyson Hayes tinha tudo planejado: se formar no colégio, entrar para a faculdade, e pagar um aluguel razoavelmente barato no apartamento que dividiria com sua namorada. Porém, um câncer entrou no meio de seus planos. Um ano após a morte de Danielle...