38. Tessa

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Tessália Flores

4 anos antes da aventura.

Senti meu corpo inteiro relaxar após a sensação de prazer que começou abaixo do meu ventre, e se espalhou por todo o resto como ondas de alívio. O lado bom de o uniforme da escola ser uma saia é que não precisei me despir, de forma que só me levantei, ajeitei a roupa íntima e encostei na parede.

— O que achou? – Raul perguntou enquanto subia o zíper da calça. Tinha um ar confiante em seu sorriso, como se estivesse certo de que transar com ele seria uma experiência fantástica para qualquer mulher.

— Foi ótimo para uma quarta-feira de manhã.

Raul – ou o quinto garoto mais gato do primeiro ano, como era conhecido – se levantou e encostou na parede oposta. Ambos ainda arfavam devido aos últimos vinte minutos dentro daquele banheiro.

— Sabe que meu sonho de consumo é transar com você. Mas tinha que escolher logo o banheiro das garotas? – questionou com a sobrancelha arqueada.

— Ei! A sua turma está na educação física, então o banheiro dos garotos não seria o lugar mais privado do mundo – expliquei enquanto tentava conter meu cabelo em um rabo-de-cavalo. – A minha turma está na aula de debates...

— Que é onde deveria estar – ele adivinhou, ajeitando a gravata em volta do colarinho. – Então vamos sair antes que a Irmã Francisca venha te procurar.

— A minha fã – debochei, já abrindo a porta da cabine. – Eu vou primeiro. Saia em cinco minutos.

A turma do nono ano sentava-se de frente para um palco. Na maioria dos dias, era o professor que subia ali e fazia apontamentos no quadro negro. Mas naquele dia em específico, dois palanques tinham sido montados para que os alunos escolhidos apresentassem seus argumentos.

Entrei na sala buscando chamar o mínimo de atenção e me esgueirei até onde minhas amigas estavam. Me sentei entre Rosa e Yolanda, que permaneceram imóveis para não atrair a atenção do professor com qualquer movimento.

— Qual o ponto? – perguntei.

— Uniforme escolar: organização ou opressão – Yolanda citou o tema do debate.

Rosa batia a mão sobre o joelho, como em um velho hábito.

— Aproveitou o tempo com Raul? – sussurrou.

— Óbvio – respondi.

— Qual era o tamanho do... – Yolanda pôs as mãos uma de frente para a outra. Entendi a referência.

— Não tem vinte e quatro centímetros – revelei.

Ela torceu o nariz e Rosa murmurou um "eu disse". Discretamente, Yo entregou uma nota de vinte pesos para a garota de luzes no cabelo. Sendo amiga delas desde a infância, não deveria ficar surpresa com as duas fazendo uma aposta sobre o tamanho do pênis de alguém. Mas fiquei.

— Vocês precisam ir para a Igreja – reprovei.

— Desculpa, quem estava transando dentro de uma escola de freiras? – Era impressionante como Yolanda sempre tinha uma resposta na ponta da língua.

O professor pediu silêncio e todos se calaram. As duas alunas na frente da sala continuavam debatendo sobre o uso dos uniformes, mas era nítido que mais ninguém estava prestando atenção além do Sr. Pérez.

Decepção de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora