A bola me acertou com força, mas não o suficiente para me machucar. Olhei para Ernest – o homem das bodas de cinquenta anos –, fingindo uma irritação que eu não sentia de verdade. Por ter me eliminado, fez uma dancinha de comemoração que mais parecia a mistura de um robô com faraó egípcio.
Como alguém com quase oitenta anos era mais atlético que muitos jovens, eu não tinha ideia.
— Comemore enquanto pode! – gritei enquanto saía da área de jogo. – Eu confio na minha equipe!
Essa afirmação não era bem verdade. Dominic, Jeff e Mia eram os sobreviventes do meu time, e embora o filho de Homai fosse um jogador extremamente competitivo, Mia só evitava a bola e Dominic parecia preferir estar em qualquer lugar menos ali.
Naquela noite, todo o resort Terra Dourada estaria em comemoração. O sol estava se aproximando da terra, o que significava que quando a noite caísse, a área externa estaria cheia de pessoas bem-vestidas, mesas ornamentadas, champanhe, música e tudo que uma noite de comemoração tem direito.
Já podia-se notar os preparativos, pois enquanto descontraíamos com um jogo de queimada, os funcionários do resort trabalhavam organizando as mesas, enchendo balões, podando árvores, carregando arranjos de flores, e arrastando varais de luzes pela grama baixa.
Uma grande arquibancada havia sido montada naquela manhã, de frente para o lago. Nosso jogo estava acontecendo próximo à margem, mas em algumas horas aquela área estaria ocupada por um palco, onde as apresentações iriam acontecer. Mas enquanto o sol ainda brilhava no céu, a arquibancada servia de descanso para os eliminados da partida.
Corri até a mesa retangular, onde garrafas d'água estavam expostas para os jogadores. Só tive tempo de dar dois goles gelados antes de me abaixar para que a bola não acertasse meu rosto. Em compensação, ela atingiu as garrafas e as derrubou como pinos de boliche.
— Ei! – reclamei.
— Foi mal! – gritou Grey. Ele era do time rival e havia tentado acertar Mia.
Mostrei a língua para mostrar que não estava chateada, mas em prol de minha segurança, decidi dar a volta na arquibancada e subir pelo lado oposto.
Comecei a caminhar por trás da plataforma, mas parei antes de chegar ao outro lado. Não que eu fosse fofoqueira, mas escutar a voz de Tessa me fez olhar automaticamente para a fresta entre os níveis de assentos, onde – na linha do meu ombro – pude ver os pés de duas pessoas. Pela conversa, soube imediatamente que se tratava de Tessa e Alice.
— Por que não me procurou para conversar? – Escutei a artista perguntando.
— Conversar o que? – O tom de Alice não era hostil, mas havia decepção em sua voz por mais que tentasse esconder.
Sabia que elas não podiam me ver, e, na verdade, não queria ser intrometida, mas algo me fez continuar ali.
— Ah, por favor! – irritou-se Tessa. – Um resort inteiro, cheio de famílias tradicionais, está comentando sobre eu supostamente ter tido relações sexuais ao ar livre. E você acha que não temos nada para conversar?
Os pés de Alice estavam protegidos por um mocassim preto, cuja sola do pé esquerdo batia insistentemente no metal da arquibancada. Embora tentasse manter-se calma, a engenheira estava mais aflita do que queria que Tessália percebesse.
— Isso não me envolve – respondeu, curta e grossa.
— Não estou dizendo que sim. Sei que não somos namoradas ou coisa do tipo – replicou minha amiga. – Mas você é a primeira pessoa com quem me envolvo após anos e, querendo ou não, não quero que pense que saí de um encontro com você para ir transar com alguém.
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Decepção de verão
RomanceGreyson Hayes tinha tudo planejado: se formar no colégio, entrar para a faculdade, e pagar um aluguel razoavelmente barato no apartamento que dividiria com sua namorada. Porém, um câncer entrou no meio de seus planos. Um ano após a morte de Danielle...