Acordei com uma das aeromoças me chamando. Ela sorriu, simpática, e avisou:
— Senhor, logo estaremos nos preparando para o pouso.
Me ajeitei na poltrona e agradeci. O voo de San Diego para Nova York tinha durado cinco horas, mas havia passado os últimos sessenta minutos dormindo, aproveitando o fato de os dois assentos à minha direita estarem vazios. Minha mochila ocupava o assento do meio enquanto eu me acomodei na janela – embora naquele momento estivesse com a persiana baixa.
Atrás de mim, uma criança exclamou:
— A lady liberdade!
Abri a janela e descobri que estávamos sobrevoando o rio Hudson, onde a estátua da liberdade se erguia sobre uma ilha. Quando criança, lembro de pensar que ela não tinha nada de mais, apenas segurava uma tocha e usava uma coroa pontuda. Entretanto, sobrevoar a lady liberdade durante um fim de tarde, quando todas as luzes da cidade estavam acesas, tornava-a mais empoderada e a vista estranhamente mais bela.
O aeroporto internacional John F. Kennedy continuava a mesma confusão de pessoas de que eu me lembrava. Aquele lugar era gigante, então chegar até as esteiras de bagagens contou muito bem como o exercício do dia. Não sei ao certo por que meus pais decidiram que eu precisava de três malas novas, mas foi um grande erro ter deixado minha mãe comprá-las sem mim. Ainda tentei disfarçar quando vi as bagagens do Mickey deslizando até mim, mas não tinha como esconder que eram minhas.
Arrastei as bagagens por um carrinho enquanto ligava a internet do meu celular. Tinham sido cinco horas sem qualquer contato com o mundo externo, e eu sabia que se não avisasse às pessoas que cheguei em segurança, logo minha foto estaria nos jornais como desaparecido.
Tantas notificações brilharam de uma vez só que meu celular travou. Decidi verificar uma por uma.
— Grey! E aí, cara? Como você está? Me diz que o avião não caiu! Se bem que se tivesse caído, você não teria como me responder... – ponderou Liam, em um vídeo do snap. – Foda-se! Vamos fazer chamada por skype assim que chegar no seu dormitório, okay?
Sorri para aquele vídeo e lhe respondi com outro, mostrando o aeroporto à minha volta e confirmando que sim, eu estava vivo.
Paige: Como está a Big Apple, garoto golfinho? Está muito frio, aí? Aqui em L.A. o outono é igual ao de San Diego. Só precisei colocar um casaco e pronto. Mas pelo que andei pesquisando, você vai precisar de bem mais do que isso para não virar um Greycolé! Manda mensagem assim que puder! Tirei umas fotos bem legais hoje na calçada da fama, onde minha estrela vai estar futuramente! :)
Paige estava sempre visitando lugares incríveis em Los Angeles e fazia questão de compartilhar tudo conosco. Em cada foto ou vídeo, seu sorriso estava sempre radiante e sua aura brilhava mais que o sol. Qualquer um que a visse saberia o quanto estava feliz e realizada em L.A. – e lembrar disso sempre me deixava satisfeito. Paige merecia toda aquela felicidade.
Visualizei e respondi mais algumas notificações até que cheguei em outro vídeo do snap. Esse era da conta de Dominic, e foi uma resposta à última mensagem que lhe mandei dizendo que comida de avião não matava a fome.
— Me solidarizo com você – ele respondeu dando uma mordida em uma fatia de pizza. Dom virou a câmera, mostrando que estava na república de Miguel. Em frente a tv, Tessa e Harry disputavam uma partida de Guitar's Hero enquanto o rockeiro reclamava que eles estavam matando o solo de Ozzy Osbourne. – Digam "Oi" para o Grey!
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Decepção de verão
RomanceGreyson Hayes tinha tudo planejado: se formar no colégio, entrar para a faculdade, e pagar um aluguel razoavelmente barato no apartamento que dividiria com sua namorada. Porém, um câncer entrou no meio de seus planos. Um ano após a morte de Danielle...