Danielle não tinha morrido de câncer, porque a doença não teve tempo de matá-la.
Era tudo a porra de uma mentira.
Quem era o mentiroso? Quem estava falando a verdade? Cada vez mais perguntas sem respostas. Eu estava muito confuso e tentando encontrar alguma lógica em tudo que Litz e Nagesh falaram, porém, por mais que tentasse, só um pensamento dominava minha mente:
Danielle morreu afogada. Danielle morreu afogada. Danielle morreu afogada.
— Não pode ser verdade. Litz só pode estar brincando conosco. – Sadie insistia naquela teoria desde que a ligação tinha encerrado. – Não. Danielle morreu de leucemia! Todo mundo sabe disso, Grey! Nós sabemos disso.
Me segurei no corrimão da ponte, buscando equilíbrio, já que meus pés pareciam duas pedras.
— O doutor Nagesh disse a mesma coisa que Litz – lembrei. – Ele falou que havia um transplante para ela, mas Danielle morreu antes de recebê-lo.
— Grey, isso tudo é loucura. – Sadie negava tão veementemente que parecia quase com raiva. – Tá bom? Isso tudo é palhaçada! Danielle morreu porque seu sangue estava doente!
— Foi o que os pais dela falaram. – As palavras saíram antes que eu tivesse tempo de filtrá-las.
Sadie conhecia os Martins. Ela confiava neles o suficiente para não acreditar que eles mentiriam. Pelo menos, não para ela. Mas Sadie precisava encarar a dura realidade: Danielle tinha se afogado e os pais dela mentiram sobre isso.
— O senhor e a senhora Martins não tinham por que enganar todo mundo! Além disso, Danielle tinha medo de águas profundas. Ela jamais iria pular em um lago!
— E se ela não pulou? Pode ter sido empurrada – sugeri, sentindo meu estômago revirar.
Sadie me encarou, estática.
— Está mesmo sugerindo que Danielle foi assassinada?
— Sadie, tem sentido.
— Não, não tem! Quem faria isso com ela? – questionou.
— Que tal a pessoa que está nos perseguindo desde o primeiro dia, com uma máscara de palhaço? – Meu tom foi indelicado, admito. Mas àquela altura, eu não tinha cabeça para sensibilidade.
As mãos de Sadie agarram seus ombros, como se ela fosse a própria vítima. Como se estivesse imaginando tudo que Danielle sentiu na hora de sua morte, afundando sozinha no lago.
— Precisamos chamar a polícia – decidiu, por fim.
— Não tem como. Eles mesmos declararam a morte acidental!
Sadie era a razão, o controle, a parte mais racional do nosso grupo. Se ela perdesse a sanidade, estaríamos perdidos.
Infelizmente, foi isso que aconteceu.
Eu pensei que já tinha visto minha melhor amiga nervosa, mas quando ela entrou em crise ali, na passarela do hospital, percebi que nunca a tinha visto nem perto daquele estado.
A garota afro-americana perdeu a sanidade entre um riso e uma expressão de raiva. Era como se lutasse para escolher um dos dois, mas acabou ficando no meio-termo. Então, sem qualquer aviso, Sadie foi até o corrimão e socou repetidas vezes o vidro da passarela, como se quisesse quebrá-lo ou fazer sua mão sangrar.
Tentei impedi-la antes que acabasse se machucando, mas minha intervenção só a fez bater com mais raiva. Em questão de segundos, um segurança surgiu ao nosso lado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Decepção de verão
RomanceGreyson Hayes tinha tudo planejado: se formar no colégio, entrar para a faculdade, e pagar um aluguel razoavelmente barato no apartamento que dividiria com sua namorada. Porém, um câncer entrou no meio de seus planos. Um ano após a morte de Danielle...