10. Grey

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A primeira impressão que tive da estrutura interna da Hoer Company, foi que aquele lugar me lembrava um aquário gigante e sofisticado. Um aquário perfeito para os tubarões ferozes que eram os empresários californianos.

O piso era claro e refletia a imagem de quem pisasse nele. Tudo naquele ambiente fora comprado em cores neutras, com exceção das plantas sintéticas e sem vida, exatamente como as de um aquário. O prédio possuía muitos andares que se somavam um acima do outro – como peças de lego – até o topo, que era tão distante que podia caber na palma de minha mão.

Os funcionários circulavam com um uniforme branco padronizado, que tinha um "H" costurado no peito. O ambiente em si era uma confusão de ternos e maletas, de homens e mulheres do mundo inteiro que deviam ter viajado durante horas só para fechar negócio com o CEO da Hoer Company.

Tudo impecável, como o nome da família.

Miguel apreciava os detalhes do ambiente:

— Esse é o tipo do lugar que eu só entraria para usar o banheiro.

— Todas essas pessoas são empresárias? – Éric perguntou, se referindo aos demais visitantes.

Dominic assentiu.

— Eles vêm de várias partes do mundo. Seja para negociar, oferecer parcerias, ou fornecer recursos para a empresa. O objetivo é a produção de instrumentos tecnológicos de forma que não polua o meio ambiente.

Os olhos de Tessália brilharam ao ouvir aquilo.

— Uma empresa preocupada com o nosso planeta! – admirou. – Acho que acabei de criar mais respeito por sua família, Dominic.

Uma mulher de uniforme branco se aproximou e falou da forma mais educada possível:

— Boa tarde, Sr. Hoer! É um prazer receber a sua presença na empresa. De que forma posso lhe ajudar?

— Boa tarde. Estou acompanhando estes visitantes – disse nos indicando com a cabeça.

— Então serão sete crachás brancos? – a funcionária contabilizou.

— Seis brancos e um dourado. – Ele tomou Sadie pela mão e a puxou para mais perto de si. – Esta é minha colega de faculdade. Sadie Jole. Cuja família é proprietária de uma das maiores hidroelétricas deste país.

A garota afro-americana entrou no papel. Esticou a coluna, deu um sorriso confiante, e uniu as mãos (de forma que o cotovelo escondia o remendo laranja do blazer).

— Confesso que a viagem até aqui foi bem cansativa, mas acredito que valerá a pena. Minha família sempre teve uma visão mais humanitária do planeta. Uma empresa de tecnologia sustentável como esta? Decididamente, foi algo que atraiu nossa atenção.

A funcionária abriu um largo sorriso para Sadie, e pediu que ela se acomodasse na sala de espera. Também lhe ofereceu água e café, que Sadie recusou com educação. A funcionária deu um último sorriso antes de sair para providenciar os crachás, ignorando a presença do resto de nós.

— Olha – Paige cruzou os braços –, até eu quase acreditei que você era uma rica empresária.

Sadie ajeitou um cacho solto atrás da orelha.

— É. Parece que eu levo jeito como atriz.

— Nem pense nisso, Jole. A aspirante à atriz aqui sou eu.

Decepção de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora