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Capítulo 12: Casa de vidro onde o teto é fino, e o mínimo arranhão é capaz de destruí-lo.

Era catastrófico.

Abraçado a Hongjoong como se não houvesse nada melhor para fazer no mundo, San pensava como seria caso fosse a Eleanor do livro "A Casa de Vidro" de Anna Fagundes Martino; teria um jardineiro que fizesse em sua estufa uma floresta imaginária a qual lhe servirá como refúgio? Como podia devanear sobre isso se mal recebia flores? Pensava realmente estar pisando sobre um chão de vidro, tão liso e sensível que, com um mero arranhão, poderia rachar e ruir até que abrisse e ele caísse para fora. O clima daquela história era melancólico em um certo ponto, e resumia basicamente tudo o que acontecia dentro de seu peito.

Não haviam voltado para dentro de casa após saírem da garagem. Hongjoong lhe contou que os rapazes não se lembravam mais de terem trancado Wooyoung e ele dentro do carro, e agora estavam jogando videogame. Uma visão digna dos franceses e alemães confraternizando no Natal para, em seguida, matarem uns aos outros em uma guerra mundial — a famosa trégua de Natal, festejando em meio a trincheiras. Uma trégua por uma boa razão, um bem maior; mas inexplicavelmente suspeita. Se San fosse um francês, ele teria suspeitado de cada mísera salsicha que comia dos alemães, achando que aquela era uma estratégia ardilosa para envenenar ele e os outros soldados e vencer o conflito sem precisar, necessariamente, de arma, porém ainda assim fazendo uso de um certo nível de violência e selvageria clássica.

Ficaram no quintal, sentados na grama. San fazia birra, bêbado, se recusava a contar o motivo para estar tão cabisbaixo, e o temperamento ruim de Hongjoong era contido por toda a sua gentileza enquanto acariciava os fios vermelhos e pretos do mais novo, sussurrando palavras de conforto — tentando não sucumbir a preocupação, e ir imediatamente atrás de Wooyoung para arrancar seus fios pretos feito petróleo.

— Desculpe a demora, eu não sabia se queria vir mesmo — disse o Kim, afagando a cabeça do outro que fungava, angustiado. — Eu já disse que você não pode beber, não disse? Você sempre termina assim... devastado.

— Joong Joong, eu nunca me senti tão triste em toda a minha vida — choramingou, os olhos lacrimejando, os lábios armando um biquinho.

— Acredite, já sim.

— Você está ficando bravo comigo? — o encarou, temeroso.

— Não — lhe sorriu doce, disfarçando sua impaciência. — Só quero bater em todo mundo que está dentro dessa casa. O pavão está lá junto de seus amigos idiotas, e Wooyoung estava trancado com você, chorando, dentro de um carro. Eu não poderia encontrar um melhor cenário, você não acha?

A raiva transpassava pelas palavras do mais velho.

— Não foi de propósito, digo... estávamos jogando 'Verdade ou consequência' — começou, balbuciando. — Desafiaram o Wooyoung a ficar trancado no carro comigo por dez minutos.

— Aqueles filhos da puta... — Hongjoong ralhou, rangendo os dentes. Respirou fundo, tentando retomar a calma, os acessos de raiva não eram mais do que insuportáveis. — E você foi, Choi San? Você aceitou ficar trancado com aquela Abelha-rainha dentro de um carro? Me diz, você está se achando o JP, a Debbie e o Tobin de "Deixe a neve cair" cercados por sei lá quantos centímetros de neve? Não era esse o caso, você podia ter dito "não". Aliás, o que ele te disse que te fez ficar desse jeito, uh? Me fala agora que eu vou ir quebrar a cara dele.

— Você está sempre a um passo de cometer um homicídio... Hyung, se acalme! — pediu, afastando sua cabeça do peito dele e limpando o rosto molhado. — Wooyoung e eu discutimos, e eu... por estar bêbado, acabei ficando mais sensível que o normal — segurou os dois lados da cabeça, massageando as têmporas. — Ah, eu nem lembro o que eu disse direito, mas já quero morrer! Como eu posso ser tão estúpido?

CAMISA 18 | WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora