Capítulo 43: Eu juro que eu não te amo, mas tentar te esquecer já é lembrar de nós.
Os Raiders haviam ganho com uma diferença de dez pontos contra os Browns de Cleveland, se classificando na segunda colocação na divisão de futebol americano AFC Oeste, perdendo apenas para o Kansas City Chiefs. Contudo, Wooyoung ainda se sentia como se os Raiders tivessem sido rebaixados até a décima colocação na liga.
O seu sentimento de derrota, na verdade, não era relacionado ao seu time favorito. E nada conseguia arrancar isso dele; essa certeza que ele havia perdido, não como das outras vezes, mas como se não pudesse voltar para a competição nunca mais.
Era difícil definir o que era — essa era a emoção.
Assim que chegou em sua casa, em Seul, ele viu-se como um intruso. Ele tratou de tentar agir naturalmente, trocando poucas palavras com Jina e Yuna, que estavam animadas enquanto organizavam uma visita até a casa de primos próximos da família Jung. Quando perguntaram se Wooyoung gostaria de ir, ele negou, dizendo que preferia ficar em casa, sem nenhum propósito. Elas sabiam que algo ruim havia acontecido naquela viagem, pois San não voltou junto com Wooyoung, porém, preferiam respeitar a privacidade alheia e apenas oferecer um mero apoio do qual o outro negava veementemente.
Jung Wooyoung queria estar bem. Ele queria se sentir bem. Então, passou a fazer suas tarefas de praxe. Mas sua cabeça não estava ali. Definitivamente não estava. Tentou cuidar do jardim, porém não gostava muito de plantas, irritava a sua pele e sempre terminava encharcando demais o vaso. Aparar a grama estava fora de cogitação, pois o cortador de grama havia quebrado no mês passado. Arrumar a bagunça na garagem deixou-o muito mais irritado do que relaxado, logo desistiu e começou a se exercitar. Ele não terminou nenhuma das sequências que começou. Tomou um longo banho, tentou se manter distante da própria mente, mas não funcionou e se viu reprisando todos os desentendimentos que teve naquele dia. Em ressalva, com San.
Não queria pensar em San. Isso era algo que não queria, e não iria fazer. Saiu do banho, no banheiro do corredor, decidindo por estudar. Seu cérebro definitivamente não funcionava como antes; se parecia com uma máquina quebrada, seu foco estava longe de ser o ideal ou minimamente suficiente. Não gostava muito de números e engenharia, contudo, foi convencido a cursar Engenharia por sua família, que sempre dizia que engenheiros ganham bem e não era necessário se estar feliz no trabalho, porque trabalho é... só trabalho. Serve para que seja bem sucedido, o restante pode se tratar de consequência.
Wooyoung gostava mesmo de futebol. O seu desejo era viver no gramado, e morrer nele. Seu medo por não saber se iria alcançar o seu sonho, o seu único sonho, o deixava incerto se deveria ou não seguir em frente, tentando e tentando. Tentar era divertido. Tinha os seus colegas de time, o treinador, o seu número 18 pesando nas costas, a torcida e a sua paixão. Mas... ter, era ainda mais satisfatório e seguro.
Fechou os livros sobre a bancada da cozinha, bagunçando os cabelos e bufando. Apoiou sua testa contra o notebook fechado, fitando uma luminária na sala com bastante aborrecimento. O seu peito ainda estava pesado; seu estômago embrulhado, os seus ombros doloridos e sua cabeça ameaçando doer. Os olhos inchados não negavam sobre o seu pranto recorrente, inconstante e silencioso. Não importava o que fizesse, ele chorava sem perceber e se sentia horrível por isso.
Wooyoung queria neutralizar os próprios sentimentos.
Ele estava evitando ir até o quarto que San e ele dividiam porque não queriam ver os itens dele. As pelúcias, a cama arrumada coberta por um edredom do Harry Potter, as paredes cobertas por pôsteres e as estantes, com aqueles bonecos de cabeça grande coloridos, os funkos.
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CAMISA 18 | WOOSAN
FanfictionSan se vê obrigado a conviver com Wooyoung, o filho da namorada de sua mãe e jogador de futebol americano, que carrega o número 18 nas costas com um orgulho exagerado. Inicialmente, San o considera um estereótipo de jogador sem cérebro. No entanto...