Capítulo 40: O seu melhor nunca é o suficiente.
Arremessou outra bola de futebol americano no gramado verde da quadra da universidade. E arremessou de novo, e de novo. Wooyoung jogou por horas ininterruptas em uma busca obsessiva por sentir um sentimento que não possuísse qualquer ligação íntima com a tristeza. Ele ficava com raiva todas as vezes que as memórias do encontro que teve pela tarde com Choi San inundavam sua mente e sentavam lá por horas a fio como se sua obrigação fosse executar uma ação que o tirasse de lá à força. Nada parecia realmente prazeroso como antes. Ele nunca acreditou naquelas merdas onde, quando se perde a pessoa amada o mundo se tornasse monocromático e demonstra suas nuances mais cruéis, contudo, congruentemente sabia que, infelizmente, ele se entregaria de coração e alma caso conseguisse se desprender de suas amarras e pudesse, por fim, amar quem ele tanto desejava amar.
Mas amar é uma tarefa difícil. Wooyoung não entendia se era para ser dessa forma ou não. E isso não se trata apenas de San. Amar no geral é complicado porque as pessoas se mostram cada vez mais difíceis de levar dia após dia. Agora ele não queria levar nada além de si mesmo, porém, se perguntava se teria paciência para isso, consigo mesmo. Merecia tudo o que estava acontecendo com ele. Era uma boa justificativa para aquietar sua alma dolorida, seu âmago apertado repleto de uma frustração densa e profunda, aquela decepção persistente e a mágoa que apertava suas costelas e as estruturas internas de sua garganta.
Anoiteceu. Logo um dos seguranças do prédio notificou à Wooyoung que já era a hora de ir embora. Soou como a pior notícia de sua noite e ela apenas tinha começado. Ir embora significava que teria que ir pra casa, e não havia lugar no mundo mais desconfortável do que aquele que deveria chamar de lar. Enrolou o máximo possível em bares. Não tinha ninguém para passar o tempo com ele, ao menos não chegou a procurar porque dessa forma ele conseguia se acalmar ao ponto de ao menos ter a consciência tranquila sobre estar roubando o tempo de alguém com os seus problemas. Por mais que se sentisse sozinho em um mundo lotado de outras milhões de pessoas, independente do quanto esse fato torna se sentir solitário injusto, não era capaz de evitar se amargurar ainda mais por culpa disso.
Passou da conta em um bar. Virou tantos copos de soju e whisky que esperava que seu corpo fosse parar de funcionar. Cada componente ficou dormente e seus sentimentos entorpecidos durante algumas horas. Então, foi nessa parte, onde o mundo todo estava girando, que ele caminhou pela iluminada Seul, cambaleando e rindo das luzes que explodiram em seu plano de visão, sentando-se em um banco de praça e ficando desconfortavelmente acomodado lá até adormecer.
Ele apagou, tudo só voltou a funcionar quando as ruas já estavam mais vazias e frias. Vagou até chegar em casa agora mais desnorteado e sem qualquer vestígio da substância que lhe serviam como refúgio temporário. Entrou pela porta dos fundos porque não queria correr o risco de encontrar alguém, assustando-se ao se deparar com Jina esperando-o de braços cruzados e uma expressão rígida.
Wooyoung pestanejou, procurando por sinais de outras pessoas além de sua mãe. Sentiu um pouco de medo, pois ela aparentou estar muito zangada. Abaixou a cabeça que pesava e escondeu as mãos dentro das mangas de sua blusa comprida, receoso de dar mais um passo.
— Talvez você esteja arrependida por ter dito que eu sou o seu orgulho — Wooyoung murmurou com o tom de voz ralo e rouco, quase fazendo-se duvidar que um dia abriu a boca de lábios secos e ressecados.
Jina o encarou clinicamente antes de permitir com que seus ombros tensos relaxassem e ela suspirou, passando os dois braços por Wooyoung e o embalando em um abraço apertado.
— Sim, eu bebi — Wooyoung continuou, no meio dos braços de sua mãe, sem corresponder ao braço. Sentia que não o merecia. — Gastei todo o resto do meu dinheiro pra tentar me fazer esquecer um pouco do que está acontecendo. Eu fiquei sozinho por muito tempo porque não quero incomodar ninguém; as pessoas têm seus próprios problemas. Ninguém nunca está disponível de verdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
CAMISA 18 | WOOSAN
FanfictionSan se vê obrigado a conviver com Wooyoung, o filho da namorada de sua mãe e jogador de futebol americano, que carrega o número 18 nas costas com um orgulho exagerado. Inicialmente, San o considera um estereótipo de jogador sem cérebro. No entanto...