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Capítulo 6: O soberano que apenas sabe contar mentiras, acaba gerando uma guerra fria.

San não entendia exatamente de onde vinha todas aquelas emoções tremendamente nocivas após a discussão que teve com Wooyoung, na quadra de futebol. Nunca assumiria isso em voz alta — que estava se sentindo mal depois de ouvir todos os insultos e chegar à conclusão de que o quarterback e ele jamais iriam se entender. Nem mesmo conversar com Hongjoong, Yeosang e Yunho e assisti-los reagindo ao seu relato que se relacionava ao motivo de Jung estar fugindo da própria casa, chegou a confortá-lo.

E certamente era estranho, bastante incomum constatar o fato de que Wooyoung o correspondeu até uma certa escala que San não sabia muito bem como dimensionar.

Não imaginava em qual tipo de lar o Jung foi criado. Não tinha conhecimento de como era a relação dele com os seus familiares enquanto os seus pais ainda eram casados; Choi se lembrava de ouvir sua mãe falando do quanto o casamento de Jina era deplorável, fatigante e funcionava como uma prisão a qual ela demorou muito tempo para conseguir um habeas corpus — isso é, o seu direito de locomoção e liberdade que era constantemente ameaçado por seu marido que não suportava a ideia de um divórcio.

Diferente de San, Wooyoung realmente havia crescido em um lar tradicional. As ideias sobre masculinidade e virilidade eram fortes em sua cabeça; ele cresceu convivendo com uma clara hierarquia estabelecida entre sua mãe e seu pai, vendo com os próprios olhos o papel que um homem "deveria" ter na sociedade; como ele deveria agir, se portar em frente à outros do sexo masculino e, o mais importante, como impor isso. Seja agindo feito um tremendo babaca, ou da forma que ele via os outros garotos fazendo por provavelmente terem tido a mesma educação que ele. O de fios vermelhos pensava em tudo isso no tempo em que esperava o jogador na saída da universidade, sentado em um dos degraus aproveitando-se da falta de movimento por conta do horário. Apoiava os cotovelos sobre os joelhos e sustentava o rosto franzino enquanto fitava o nada.

Particularmente, San estava tentando encontrar maneiras de explicar o porquê Wooyoung o odiava. Era por sua orientação sexual? Qual era o problema? Nasceram em uma sociedade conservadora, porém não era como se isso não estivesse mudando com o passar dos anos e a aceitação fosse uma pauta mais maleável durante o dia-a-dia — ou a maioria dos jovens faziam parecer isso quando na verdade eram tão hipócritas quanto os mais velhos reacionários de mente tão fechada quanto um calabouço repleto de ideais ultrapassados.

De qualquer forma, não estavam mais no ano de 1950.

San queria acreditar que sua sexualidade não era uma prisão, e ele não podia ser discriminado por isso. Assim como sua mãe, assim como a senhora Jung.

Anoiteceu. O céu ficou tão escuro quanto alguns fios de cabelo de Choi. Suas pernas estavam dormentes e as costas doendo por causa da posição que se encontrava.

— Onde diabos Wooyoung foi? — franziu o cenho e se pôs de pé, bufando. — Ele passou por aqui e eu não vi?

Decidiu ir vasculhar pelo campus na intenção de encontrar o quarterback. Vagou pelos quatro cantos a procura do Jung, e apenas encontrou Choi Jongho na biblioteca revisando suas anotações. Vendo-o naquele cenário, em uma mesa repleta de livros, cadernos e lembretes, realmente parecendo se esforçar para gravar as informações e repeti-las num tom de voz baixo para si mesmo, ele até não se parecia com um dos jogadores de futebol burros dos Tigers.

Lembrava que aquele rapaz havia ganho quatro das sete competições criadas pelo curso de Arquitetura e Urbanismo no semestre passado. Sua expressão afiada não negava que tinha um belo cérebro reinvestido por debaixo de todo crânio e cabeleira negra. Apenas não poderia tê-lo como um exímio exemplo de aluno de excelência porque se Choi Jongho fosse tão inteligente assim, ele definitivamente não seria amigo de Jung Wooyoung.

CAMISA 18 | WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora