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Capítulo 19: Uma filosofia de vida após morte só que sem morrer.

A inflação tinha feito o preço das balas de goma subir. Choi San se viu muito insatisfeito com a economia naquela tarde, mas torcia para que seu investimento valesse um pouco à pena. Pegou três pacotes na prateleira do pequeno mercado e, com livros nos braços e uma mochila na cintura, se pôs a caminhar até a fila do caixa, contando quatro pessoas em sua frente. Quando foi sua vez, ele quase se estapeou por ter se esquecido de um pequeno detalhe: Kim Hongjoong era o caixa.

Havia se passado um dia desde o pequeno desentendimento. San voltou para casa e ficou trancado em seu quarto enquanto Wooyoung, quando chegou, ficou tomando conta da sala e se distraindo com qualquer programa de esportes. Os dois não trocaram uma palavra, e não que Jung não tivesse tentado, mas o mais velho estava determinado a ignorá-lo. O clima na mesa de jantar era tão tempestuoso quanto as águas do rio Negro. E, pensando sobre isso, San tomou como conclusão de sua análise de que Jung e ele eram como o rio Negro e o rio Amazonas os quais as águas não se misturam. Talvez fosse o ideal, e quanto antes lidasse com isso, melhor seria.

Chegando a sua vez em passar os seus produtos no caixa, a expressão tipicamente tediosa de Hongjoong se acendeu feito um fósforo e ele até mesmo aperfeiçoou o seu cumprimento seguindo o padrão de atendimento da loja. Apesar de ressentido, Choi não era mal-educado, então logo imitou o seu gesto.

— Sacola?

— Não, quero ajudar algumas tartarugas e outros bichos do mar a viverem um pouco mais — San gesticulou, colocando os pacotes de bala dentro de sua mochila. Kim aquiesceu orgulhoso daquela decisão, terminando o processo de passar o código de barra em frente ao scanner de laser vermelho. — É amanhã o festival, você ainda quer ir, não é?

— Ah... eu quero.

Hongjoong e San nunca realmente se desentendiam. Os dois tinham personalidades e temperamentos consideravelmente diferentes, e nem mesmo conseguiam ficar por muito tempo irritados um com o outro. O mais velho era impaciente e turrão feito um homem com os seus oitenta e sete anos algumas vezes, porém adorável e doce feito uma criança em outros. Podia ser duro em seus posicionamentos e cético em um nível irritante, mas, no fundo, San sabia que ele não fazia por mal, e nem mesmo queria machucá-lo quando era descuidado com suas palavras.

— Ótimo — San sorriu pequeno, adoravelmente revelando as covinhas nas bochechas, e Hongjoong riu de novo. — O que foi?

— Você ainda tem que pagar.

— Ah, sim — quase bateu na própria cabeça, julgando-se por ser tão esquecido. Entregou as notas de dinheiro, esperando o menor conferir e confirmar o pagamento. — Eu não recebo nem um desconto por ser amigo do caixa?

— Eu não sou o dono — pontuou, fechando a caixa registradora e forçando um sorriso cordial, apoiando os dois braços sobre o balcão. — Volte sempre.

San avaliou-o melhor, lendo o nome dele no crachá colado no avental que o fazia parecer ainda menor. Hongjoong trabalhava em meios expedientes para completar a renda e manter sua independência; se ele não estava trabalhando naquele mercado, estava em um restaurante ou qualquer outro lugar que aceitasse pagar para um estudante trabalhar. Não era uma tarefa fácil, porém necessária, afinal, não era rico ou tinha dinheiro sobrando.

— Agora que não tem ninguém olhando... — San fingiu contar um segredo, abaixando o tom de voz. — Como você está?

— Eu estou bem — comprimiu os lábios pequenos, meneando a cabeça positivamente. — E você, como vão as coisas?

— Hum, na mesma — colocou a mochila nas costas, consertando os livros nos braços. — Fiquei sabendo que Yunho entrou no time de futebol ontem.

CAMISA 18 | WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora