Capítulo 31: O tamanho do mar.
Supostamente, San devia estar dormindo. Era tarde da noite, beirando a madrugada, mas ele estava tão inquieto como se o dia fosse de altíssimas excitações — igual acontecia quando era criança e ouvia o anúncio da abertura de um novo parque aquático em algum lugar próximo da ilha. Yuna e ele passavam muito tempo juntos, eram sempre os dois. Não havia muito contato com a própria família; o mais jovem desconfiava de um motivo estúpido o suficiente para fazê-lo regurgitar suas próprias entranhas para fora da boca de tanto nojo. Bem, ele nunca pensava muito nisso para não acabar deprimido, porém, a conclusão que sempre chegou: assim que os seus devaneios criaram vida própria e chegavam a arremates de maneira autônoma, era que sua mãe, desde muito nova, teve de aprender a tomar conta de si mesma sozinha. Então, San achava que jamais teria a mesma coragem que ela teve e agradecia por tê-la em sua vida.
Quando iam aos parques de diversões e San retornava para casa vermelho como um camarão e coberto por marcas do sol e o desenho perfeito dos óculos aquáticos no rosto bem ao redor dos olhos, a água das piscinas e dos brinquedos que deveriam arrancar sua energia e deixá-lo de cama em recuperação por pelo menos um dia, por causa da insolação, na realidade, causavam o efeito inverso. Quanto mais ele brincava, mais ele queria brincar e menos Yuna tinha disposição para acompanhá-lo e mais ela precisava se esforçar para retornar aos seus tempos mais juvenis — não que ela fosse muito velha, pelo contrário, e isso facilitava para que tivessem algumas características e gostos em comum.
Contudo, conforme San crescia, não dispunha mais da mesma disposição que detinha em sua infância, principalmente de madrugada! Ele se parecia mais com Yuna na idade que se tornou mãe, e se lamentava por tê-la feito ultrapassar limites para acompanhá-lo em suas peripécias, ao mesmo tempo se sentindo bastante sortudo. Logo, assim que se deu conta de que estava se perdendo em memórias não tão distantes, ficou cada vez mais ansioso e o pressentimento ruim enclausurado em seu peito onde o coração afundava se tornou pior e pior.
Movia-se um canto para o outro da cama, rolando feito um rocambole. Ele havia adotado uma técnica que dizia o seguinte: se pensasse que não existia, iria deixar de existir. Era tudo o que San queria; deixar de existir um pouco. Se ficasse parado tempo o suficiente, poderia acreditar nisso? Não, mas era válido tentar... e fracassar.
Pestanejou fitando o teto escuro com somente as luzes dos postes na rua adentrando pelas frestas de suas cortinas em tons pastéis na janela. Bufou quando seus olhos encontraram o poster maldito de Marcus Mariota e Derek Carr do Oakland Raiders, na parede oposta. Se amaldiçoou por isso. Seria muito mais fácil caso simplesmente caísse no sono.
Assustou-se quando o celular começou a vibrar na cabeceira da cama. Talvez fosse para isso que estivesse acordado... atender uma chamada emergencial de estrita importância. Esperava que fosse o próprio Moon Jaein, presidente da Coreia do Sul, para pedir sua opinião sobre para qual foco os investimentos deveriam se centralizar naquele ano, e San diria que em qualquer lugar, menos em times de futebol. Pois times de futebol formavam cidadãos como Jung Wooyoung e para arrancar a sanidade do Choi San, um só camisa 18 já bastava.
Entretanto, infelizmente, não era o presidente disposto a lhe convidar para um chá da tarde na Casa Azul. Foi um pouco decepcionante ler um nome registrado e conhecido de sua lista de contatos no leitor de seu celular, mas ele se contentou com a realidade e suspirou pesadamente antes de sentar-se sobre a própria cama e deslizar o dedo pela tela.
Preguiçoso, levou o aparelho até a altura de sua orelha e juntou as sobrancelhas por um instante. A confusão cruzou sua consciência que, pela primeira vez, pareceu ter se tocado de um detalhe: as pessoas geralmente não ligam umas para as outras sem um motivo plausível.
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CAMISA 18 | WOOSAN
FanfictionSan se vê obrigado a conviver com Wooyoung, o filho da namorada de sua mãe e jogador de futebol americano, que carrega o número 18 nas costas com um orgulho exagerado. Inicialmente, San o considera um estereótipo de jogador sem cérebro. No entanto...